terça-feira, 28 de outubro de 2025

Com adversários políticos presos e judiciário nas mãos, ditador de Camarões é reeleito pela 8ª vez aos 92 anos de idade

 


O ditador Paul Biya, de 92 anos, foi declarado vencedor das eleições presidenciais em Camarões, garantindo um 8° mandato consecutivo com 53,66% dos votos, segundo resultados divulgados nesta segunda-feira (27). O principal opositor, Issa Tchiroma Bakary, obteve 35,19%, mas denunciou fraude e manipulação estatal.

No poder desde 1982, Biya chefia o país há 43 anos, sendo o chefe de Estado em exercício mais velho do mundo. Em 2008, ele aboliu o limite de mandatos presidenciais, abrindo caminho para sua permanência indefinida no poder. Cada mandato tem duração de sete anos, e as instituições políticas do país operam sob controle direto do regime, que restringe liberdades e centraliza decisões no partido governista, o Cameroon People’s Democratic Movement (CPDM).

A divulgação dos resultados gerou protestos e confrontos em Douala, capital comercial do país, no domingo (26). Manifestantes que apoiam Bakary foram reprimidos por forças de segurança após contestarem a reeleição do ditador. O regime negou irregularidades, mas observadores internacionais relataram fraudes, intimidação de eleitores e interferência das forças armadas no processo eleitoral.

Tchiroma, ex-ministro e ex-porta-voz do governo, rompeu com Biya no início deste ano e passou a liderar uma coalizão de oposição que denuncia estagnação econômica, corrupção sistêmica e falta de oportunidades para os jovens. Sua candidatura foi vista como um raro desafio interno ao poder consolidado do poder ditatorial.

Camarões vive sob um regime autoritário consolidado, em que a oposição é controlada, veículos de comunicação são regulados e críticos são perseguidos, além de contar com aparelhamento no judiciário. Organizações como a Freedom House classificam o país como “não livre”, apontando restrições severas à imprensa, à liberdade de reunião e à atuação de partidos independentes.

Relatórios da Amnesty International confirmam a existência de presos políticos, sobretudo entre líderes opositores e ativistas das regiões anglófonas, onde há repressão militar a movimentos separatistas. Muitos permanecem detidos há anos sem julgamento na prisão de Kondengui, em Yaoundé, símbolo do endurecimento do regime.

 

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