quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Cícero Lucena, prefeito de João Pessoa, é alvo de inquérito da PF por suspeita de ligação com facção criminosa nas eleições em 2024

 


O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena Filho (PP), tornou-se alvo de inquérito policial supervisionado pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) por suposta participação em esquema de corrupção eleitoral e administrativa envolvendo a facção criminosa “Nova Okaida” (OKD), durante as eleições municipais de 2024. A notícia é do Metrópoles. 

As apurações tiveram início na Operação Território Livre, deflagrada pela Polícia Federal (PF), em setembro do ano passado, a partir de indícios de uma rede de influência mútua entre grupos criminosos e o processo eleitoral na capital paraibana. Em setembro deste ano, o Ministério Público Eleitoral (MPE) já tinha denunciado a primeira-dama, Lauremilia Lucena, e outras nove pessoas, por suposta corrupção eleitoral e ligação com a facção criminosa.

Por meio de nota, a defesa de Cícero Lucena e da primeira-dama explicou que “não há qualquer denúncia, acusação formal ou decisão judicial que aponte vínculo do casal com organização criminosa, tampouco com os fatos mencionados na reportagem”. O comunicado diz ainda que o casal “têm colaborado com todas as autoridades competentes, mantendo postura de transparência e respeito às instituições”. 

No curso das diligências, a PF identificou coação eleitoral e pressões para garantir apoio a determinados candidatos. As investigações indicam que o crime organizado, especialmente vinculado ao tráfico de drogas, teria se infiltrado na estrutura eleitoral e administrativa do município, influenciando o resultado das eleições e alcançando órgãos públicos locais.

Segundo o inquérito, o prefeito, então candidato à reeleição pela chapa “João Pessoa no caminho certo”, teria se beneficiado diretamente do apoio da facção “Nova Okaida”. Cícero Lucena foi reeleito prefeito com 258.727 votos, o que representou 63,91% dos votos válidos. À Justiça eleitoral, ele declarou ter gastado R$ 5,1 milhões em despesas durante o pleito do ano passado.

Segundo os indícios e as manifestações do Ministério Público Eleitoral (MPE) e do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (GAECO), a primeira-dama de João Pessoa, Maria Lauremília Assis de Lucena, “desempenhou um papel central” na condução das negociações com a facção criminosa no contexto das eleições municipais de 2024. Ela foi identificada ainda como “principal articuladora política” de Cícero Lucena.

O esquema funcionava sob a lógica da troca: a facção “Nova Okaida” oferecia apoio eleitoral e controle territorial em benefício da chapa “João Pessoa no caminho certo”. Em contrapartida, havia a garantia de nomeações em cargos públicos e a concessão de outros benefícios por parte da administração municipal.

 

 

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