O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena Filho (PP),
tornou-se alvo de inquérito policial supervisionado pelo Tribunal Regional
Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) por suposta participação em esquema de corrupção
eleitoral e administrativa envolvendo a facção criminosa “Nova Okaida” (OKD),
durante as eleições municipais de 2024. A notícia é do Metrópoles.
As apurações tiveram início na Operação Território
Livre, deflagrada pela Polícia Federal (PF), em setembro do ano passado, a
partir de indícios de uma rede de influência mútua entre grupos criminosos e o
processo eleitoral na capital paraibana. Em setembro deste ano, o Ministério
Público Eleitoral (MPE) já tinha denunciado a primeira-dama, Lauremilia Lucena,
e outras nove pessoas, por suposta corrupção eleitoral e ligação com a facção
criminosa.
Por meio de nota, a defesa de Cícero Lucena e da
primeira-dama explicou que “não há qualquer denúncia, acusação formal ou
decisão judicial que aponte vínculo do casal com organização criminosa,
tampouco com os fatos mencionados na reportagem”. O comunicado diz ainda que o
casal “têm colaborado com todas as autoridades competentes, mantendo postura de
transparência e respeito às instituições”.
No curso das diligências, a PF identificou coação
eleitoral e pressões para garantir apoio a determinados candidatos. As
investigações indicam que o crime organizado, especialmente vinculado ao
tráfico de drogas, teria se infiltrado na estrutura eleitoral e administrativa
do município, influenciando o resultado das eleições e alcançando órgãos
públicos locais.
Segundo o inquérito, o prefeito, então candidato à
reeleição pela chapa “João Pessoa no caminho certo”, teria se beneficiado
diretamente do apoio da facção “Nova Okaida”. Cícero Lucena foi reeleito
prefeito com 258.727 votos, o que representou 63,91% dos votos válidos. À
Justiça eleitoral, ele declarou ter gastado R$ 5,1 milhões em despesas durante
o pleito do ano passado.
Segundo os indícios e as manifestações do Ministério
Público Eleitoral (MPE) e do Grupo de Atuação Especial contra o Crime
Organizado (GAECO), a primeira-dama de João Pessoa, Maria Lauremília Assis de Lucena,
“desempenhou um papel central” na condução das negociações com a facção
criminosa no contexto das eleições municipais de 2024. Ela foi identificada
ainda como “principal articuladora política” de Cícero Lucena.
O esquema funcionava sob a lógica da troca: a facção
“Nova Okaida” oferecia apoio eleitoral e controle territorial em benefício da
chapa “João Pessoa no caminho certo”. Em contrapartida, havia a garantia de
nomeações em cargos públicos e a concessão de outros benefícios por parte da
administração municipal.

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