Um levantamento do Instituto Trata Brasil mostra que
o país perde, em média, 40,3% da água tratada antes que ela chegue às
torneiras, o equivalente a 7,257 bilhões de metros cúbicos em 2023 — quase três
bilhões de piscinas olímpicas cheias. O desperdício ocorre principalmente por
vazamentos (60%) e, em menor parte, por furtos e erros de medição, e poderia
suprir toda a demanda adicional projetada até 2050 sem aumentar a captação em
mananciais já pressionados.
O estudo alerta que, diante do crescimento
populacional e do aumento do consumo residencial previsto em 59,3% até 2050,
será necessário reduzir drasticamente as perdas para evitar racionamento. O
novo Marco do Saneamento prevê limitar essas perdas a 25% até 2033, o que
representaria uma economia significativa de água tratada. Municípios como
Campinas e Goiânia se destacam na gestão eficiente, conseguindo expandir a
oferta sem sobrecarregar os rios.
Mudanças climáticas agravam ainda mais o problema:
cada grau Celsius a mais na temperatura máxima eleva o consumo em 24,9%, e a
previsão de aumento de até 1ºC na máxima até 2050 adiciona 2,1 bilhões de
metros cúbicos à demanda anual. A tendência de secas e ondas de calor também
reduz a disponibilidade hídrica, podendo restringir em média 3,4% o volume
anual disponível para distribuição.
Com esse cenário, o risco de racionamento se torna
real: a média nacional pode alcançar cerca de 12 dias sem água por ano,
enquanto regiões com menor precipitação, como partes do Nordeste e
Centro-Oeste, podem enfrentar mais de 30 dias de interrupção. Especialistas
reforçam a urgência de uma gestão hídrica eficiente para mitigar os impactos da
escassez e das mudanças climáticas.
O Globo

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