Com apenas 47,60% do público-alvo vacinado contra a
influenza, o Rio Grande do Norte segue muito abaixo da meta de 90% estabelecida
pelo Ministério da Saúde. A baixa adesão ocorre em um momento crítico, no qual
o estado está entre os 20 do país com alta incidência de Síndrome Respiratória
Aguda Grave (SRAG), conforme alerta do mais recente boletim InfoGripe, da Fiocruz.
A situação potiguar foi classificada como “de risco”, com números de casos
muito acima do esperado para o período.
A meta de cobertura vacinal contra a gripe no Rio
Grande do Norte é de 90% do público-alvo. No total, 380.191 doses foram
aplicadas dentro dos grupos prioritários, que somam 798.792 pessoas no estado.
A data prevista para o encerramento da campanha é até janeiro de 2026, ou
enquanto durarem os estoques nos municípios.
O InfoGripe é um sistema de monitoramento da
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) mantido pela Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), acompanha a evolução dos casos de SRAG no Brasil, ou seja, casos
graves de doenças respiratórias que geralmente levam à hospitalização.
Conforme o Infogripe, a situação do RN está classificada como “risco”, ou seja,
alta incidência de casos de SRAG, muito acima do esperado para a sazonalidade.
De acordo com Veruska Ramos, chefe do Núcleo de
Agravos Imunopreveníveis (NAI) da Secretaria de Estado da Saúde Pública
(Sesap), o momento do ano pode estar relacionado à baixa procura pela vacina
contra a influenza no estado. Ela explica que, com o fim do período de maior
circulação do vírus parte da população tende a relaxar os cuidados, acreditando
que o risco está superado. “Geralmente, quando passa o período de sazonalidade
da doença, há uma queda na procura pelas vacinas”, afirma.
Apesar da queda na percepção de risco, Veruska
alerta que a vacinação continua sendo essencial. Ela lembra que as doenças
causadas por vírus, como a gripe, sofrem mutações constantes e têm alta
capacidade de disseminação. Por isso, mesmo fora do chamado “período crítico”,
a imunização segue sendo uma das formas mais eficazes de proteção. “Quanto mais
a população estiver preparada para receber o vírus, mais enfraquecido ele fica.
Esse preparo do organismo se dá através da vacina”, destaca. Quando a população
não se vacina, a tendência é de aumento nos casos de doenças.
Os dados da plataforma RN Mais Vacina revelam que
45,18% das crianças, 47,17% dos idosos e 74,42% das gestantes receberam a
vacina contra a gripe.
Veruska Ramos explica que os grupos prioritários que
menos procuram a vacina são as crianças e os idosos. Segundo ela, a infância é
a fase em que o organismo apresenta melhor resposta imunológica, o que torna
ainda mais importante garantir a imunização nesse período.
Em todo o estado, já foram aplicadas 846.402 doses na população geral.
A estudante de medicina Tayná Cardoso, que costuma
se vacinar contra a gripe todos os anos, destaca a importância da imunização.
“Todas as vacinações são importantes, mas principalmente da influenza, porque
ela vai abranger todos os vírus da parte viral. E aí, principalmente as
crianças, idosos, gestantes, precisam fazer essa vacinação para, quando gripar,
ter menos sintomas, porque a gripe vai existir sempre. E eu faço a vacinação da
influenza todo ano e nunca tive reação nenhuma”, explica.
De acordo com a Sesap, atualmente a recomendação é
vacinar os grupos da rotina idosos, gestantes e crianças. No entanto, os
municípios que dispõem de estoques maiores podem ampliar a vacinação para
outros grupos ou mesmo para a população em geral. Em Natal, a vacinação está
disponível para todos os públicos, segundo o NAI.
Sobre a queda na procura, a secretaria atribui a
baixa adesão a fatores como hesitação vacinal, dificuldade de acesso aos
serviços e desinformação. “A SESAP está levantando junto aos municípios e
regionais os principais desafios para direcionar ações mais efetivas”, informou
em nota.
A Sesap recomenda que as prefeituras realizem busca
ativa dos não vacinados e intensifiquem a divulgação dos dias e horários de
vacinação. Para reforçar a campanha, o “Dia D” de vacinação está marcado para o
dia 16 de setembro, com o objetivo de ampliar a divulgação e facilitar o acesso
da população à imunização.
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