O Rio Grande do Norte segue na liderança nacional na
geração de energia a partir de fontes renováveis e se consolida como o estado
mais verde do Brasil. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico
(Sedec/RN), as fontes renováveis (eólica, solar fotovoltaica, biomassa e
hídrica) representam 99,03% da matriz elétrica do estado quando se refere à
potência outorgada, autorizada a gerar energia. Já a potência instalada, apta a
produzir, soma 98,05%, o que representa uma potência de 11,8 GW. Somente neste
ano, a estimativa é que 17 novos empreendimentos eólicos entrem em operação,
acrescentando cerca de 760 MW de potência ao sistema de geração. A previsão da
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) inclui ainda a entrada em operação
de dois parques fotovoltaicos até dezembro.
A expansão da matriz solar é uma das apostas para os
próximos anos. A potência fotovoltaica instalada deve chegar a 9,4 GW até 2032,
o que reforça o movimento de diversificação da matriz elétrica potiguar.
Segundo o boletim da Sedec, nos primeiros seis meses de 2025 foram implantadas
sete novas usinas solares, que geraram em potência instalada 256,11 MW. Em 2024
foram 18 e apenas uma em 2023, considerando o mesmo período.
No mesmo recorte, a fonte eólica apresentou uma
desaceleração na instalação de novos parques, passando de 26 sistemas em 2023
para 23 em 2024 e apenas dois no primeiro semestre deste ano. Para a Sedec,
esse comportamento é resultado do fato de que a maior parte dos empreendimentos
eólicos já foi contratada e entrou em operação nos últimos anos. O documento
aponta ainda que a queda do custo relativo e a maior facilidade de instalação
têm impulsionado o avanço dos projetos solares.
De janeiro a junho, o município de Açu liderou o
ranking de novos empreendimentos, recebendo quatro usinas fotovoltaicas. Em
seguida aparecem São Gonçalo do Amarante, Santana do Matos e Parnamirim, com
uma unidade cada – estas últimas destinadas ao mercado livre na modalidade de autoprodução,
garantindo energia para uma rede de supermercados. Já Areia Branca recebeu duas
usinas eólicas no mesmo período, também pelo mercado livre, na modalidade de
produção independente.
As perspectivas de crescimento do setor, no entanto,
estão diretamente ligadas à ampliação da infraestrutura de transmissão. O
boletim da Sedec ressalta que o estado será contemplado com a instalação de
cinco compensadores síncronos nos leilões de transmissão 04/2025, previsto para
outubro deste ano, e 01/2026, marcado para março do próximo ano. Esses
equipamentos têm capacidade de estabilizar os níveis de tensão e frequência do
sistema, além de aumentar a segurança e a flexibilidade da rede elétrica, o que
permitirá o escoamento de um volume maior de energia gerada pelas usinas.
Para Williman Oliveira, presidente da Associação
Potiguar de Energias Renováveis (APER), os investimentos em transmissão são
urgentes. “Resolver a curto prazo não é fácil, o governo federal precisa sim
ser mais célere e criar meios pelos órgãos reguladores que não obstruam esse
crescimento, regular com urgência o armazenamento com uso de baterias e
investir em rede de transmissão”, afirma.
O dirigente alerta que a falta de infraestrutura tem
gerado prejuízos e que os leilões vão ajudar na extensão e ampliação da rede de
distribuição. “Sem esse escoamento sustentável, vamos incorrer no problema de
hoje, onde grandes usinas, seja de solar ou eólicas, estão sendo obrigadas a se
desligarem nos finais de semana, causando prejuízos incalculáveis. E essa conta
pode, ficar certo, quem vai pagar será o consumidor final”, adverte.
Oliveira também chama atenção para a necessidade de
pensar em novas fontes e tecnologias, como o hidrogênio verde e a biomassa, mas
aponta desafios estruturais. “Acreditamos que possam chegar, porém ainda são
investimentos caros e nossa infraestrutura não ajuda devido ao polo industrial
perder concorrência para Pernambuco e Ceará”, explica.
Mesmo com os gargalos, o desempenho do setor no
primeiro semestre demonstra o potencial do estado para continuar liderando a
transição energética nacional. Com novos empreendimentos previstos e reforço na
rede de transmissão, o RN se mantém como um dos motores do crescimento
sustentável do país.
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