Após recentes eventos de ataques cibernéticos a
instituições financeiras e de pagamentos, o Banco Central (BC) anunciou nesta
sexta-feira (5/9) medidas para reforçar a segurança do Sistema Financeiro
Nacional.
A partir de agora, fica limitado em R$ 15 mil o
valor de TED e Pix para instituições de pagamento não autorizadas e as que se
conectam à Rede do Sistema Financeiro Nacional via Prestadores de Serviços de
Tecnologia da Informação (PSTI).
Queremos repelir qualquer tipo de presença do crime
organizado no sistema financeiro. Por isso que essas medidas são para endereçar
problemas gerados pelo crime organizado”, afirmou o presidente do Banco
Central, Gabriel Galípolo
“O mercado financeiro brasileiro é um exemplo
internacional de sucesso e êxito, especialmente na questão de tecnologia. E,
com o tempo, é de se esperar que o crime organizado fosse se adaptando para
sair de roubar carteiras, para passar a roubar a senha das pessoas, de assalto
a agências, até algum tipo de invasão de uma infraestrutura crítica, seja
física ou seja virtual, para atacar algum tipo de instituição. E, ainda que
esses eventos recentes tenham sido eventos que objetivaram a atacar recursos
das instituições, especificamente, sem qualquer tipo de prejuízo a cidadão ou
cliente, é uma coisa restrita às instituições, mas o sistema financeiro é um
ambiente que não reserva margem para qualquer tipo de tolerância no quesito
segurança”, disse.
Segundo Galípolo, apenas 1% das transações de TED e
Pix realizadas por pessoa jurídica no Brasil estão acima do limite de R$ 15
mil, e apenas 3% das contas existentes no sistema são do tipo PSTI e de contas
com instituições de pagamento não autorizadas. Já em transações de pessoas
físicas, 99% estão abaixo de R$ 3,7 mil.
São medidas de uma contenção excepcional,
reconhecendo um momento onde a gente identificou uma repetição de padrão em
alguns tipos de instituições e que demandam a gente estabelecer algum tipo de
trava ou limites operacionais para algumas instituições até que elas consigam
demonstrar a devida segurança e governança para operar”, explicou o presidente
do BC
Galípolo informou que para realizar transações de
valores maiores, quem tem conta em instituição não autorizada vai precisar
fazer mais de uma operação. A limitação poderá ser removida quando a
instituição e seu respectivo PSTI atenderem aos novos processos de controle de
segurança. Transitoriamente, os participantes que atestarem a adoção de
controles de segurança da informação poderão ser dispensados da limitação por
até 90 dias. A medida entra em vigor imediatamente.
O presidente do Banco Central defendeu as chamadas
fintechs, empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros, e bancos
sediados na Avenida Faria Lima, em São Paulo, criticando quem faz a associação
entre elas e o crime organizado.
“Qualquer uma dessas duas expressões, Faria Lima ou
fintech, são as vítimas do crime organizado. Claramente, tanto os bancos
chamados de incumbentes, quanto os novos entrantes no mercado, foram
responsáveis por uma inclusão fantástica do ponto de vista do sistema
financeiro, facilitação com prestação de serviços para a população, isso é
absolutamente essencial para que o Brasil tenha a posição que ele tem hoje,
privilegiada do ponto de vista tecnológico, dentro do sistema financeiro e tão
admirado fora do Brasil”, afirmou.
Nenhuma instituição de pagamento poderá começar a
operar sem prévia autorização. Além disso, o prazo final para que instituições
de pagamento não autorizadas a funcionar pelo Banco Central solicitem
autorização para funcionamento foi antecipado de dezembro de 2029 para maio do
ano que vem.
“Algumas instituições funcionam e se ligam ao
sistema por intermédio de um prestador de serviço terceirizado. Esse prestador
é um prestador de tecnologia, ele não era uma financeira e por isso mesmo não
está debaixo da supervisão do Banco Central. Porém, o que a gente assistiu foi
que a prática foi levando a uma governança onde boa parte das instituições que,
sim, são financeiras, passaram parte das suas atribuições e tarefas na
governança para esses PSTIs. E ao atribuírem para esses PSTIs, esses PSTIs
foram se caracterizando cada vez mais como uma infraestrutura crítica, a qual a
gente passou a entender que era necessário sair com as normas para poder exigir
parâmetros de governança e de segurança e de certificação dessa governança por
parte de quem opera por intermédio dessas PSTIs”, explicou o presidente do
Banco Central.
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