O
conjunto da obra
Governo Lula tem freio lento da economia, inflação
persistente e preços e juros nas alturas
A redução do ritmo de crescimento econômico no
segundo trimestre – com avanço de 0,4% do PIB ante o período anterior, depois
da alta de 1,3% no primeiro trimestre no mesmo tipo de comparação – atesta a
lentidão dos efeitos da política monetária na economia. A despeito de analistas
do mercado financeiro estarem reduzindo, há 14 semanas consecutivas,
estimativas para a inflação do ano, a taxa continua bem acima do limite máximo
da meta de 3% e não há sinal de mudança nesse comportamento.
A desaceleração do PIB, portanto, ainda não parece
recomendar um alívio na taxa de juros, que está em salgados 15% ao ano. O
consumo das famílias se manteve em alta, o setor de serviços também e o mercado
de trabalho aquecido dificulta o esfriamento da demanda para um padrão que a
capacidade atual de produção possa suprir sem pressionar os preços.
Desta vez foram escassas as costumeiras
manifestações do governo em redes sociais. Coube à ministra do Planejamento,
Simone Tebet, uma comemoração discreta, ao dizer que o Brasil segue no caminho
certo. Mas, pela avaliação publicada na página oficial do Partido dos
Trabalhadores (PT), não é o que parece.
O PT, do presidente Lula da Silva, preferiu destacar
o avanço em relação ao primeiro trimestre e a “impressionante alta de 2,2% na
comparação com o segundo trimestre de 2024” como o resultado positivo “da
estratégia do governo Lula de implementação de políticas de estímulo” que impulsionaram
o consumo. Como se pode notar, o lulopetismo persiste na visão equivocada de
vincular crescimento econômico a incentivo ao consumo, ignorando as
consequências deletérias do endividamento, que volta a bater forte na porta das
famílias brasileiras, e da inflação de demanda, que custa a cair para níveis
toleráveis.
O recuo vagaroso fez com que o IPCA chegasse a
julho, dado mais recente disponível, em 5,23% no acumulado de 12 meses, uma
taxa incompatível com juros excessivamente altos. No primeiro período de
agosto, o IPCA-15, prévia do índice do mês, caiu para 4,95%, ainda estourando o
limite de 1,5 ponto porcentual tolerado para a margem superior da meta. Na mais
recente coleta de dados do Banco Central, o mercado reduziu em 0,01 ponto
porcentual a estimativa para o fim do ano, passando a considerar a alta de
4,86%.
Nesse ritmo, pensar em alívio dos juros sem a
reversão da política de gastos do governo, que se estende ao incentivo ao
consumo das famílias, beira a insensatez. O resultado do PIB do segundo
trimestre não trouxe surpresas, apenas constatou o que já se sabia: um
crescimento ainda insustentável, acompanhado por queda no investimento. O País
não precisa de oráculo para prever que a situação tende a piorar em 2026, ano
das estripulias eleitorais travestidas em benesses do governo. Conter a
inflação, o verdadeiro benefício a ser oferecido à população, especialmente a
mais pobre, é tarefa cada dia mais difícil.
Opinião do Estadão
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