O ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro acusou o magistrado de
ter feito uma “perseguição“ à direita para que as eleições de 2022 ficassem
conforme o ideal dele. Tagliaferro participou por videochamada de uma audiência
pública, nesta quarta-feira, 24, na Subcomissão Especial Sobre o Combate à
Censura, da Câmara dos Deputados.
“Em relação ao próprio atentado ao Estado
Democrático de Direito, quem está fazendo isso, aos meus olhos, é o próprio
Alexandre de Moraes, que está destruindo uma nação, que fez toda uma
manipulação não só processual, como uma manipulação de mídia, uma perseguição,
para fazer com que as eleições ficassem de acordo com o ideal dele, de acordo
com a intenção dele“, declarou o ex-assessor.
Tagliaferro atacou Moraes, chamando o ministro de
“psicopata“, e o acusou de ter cometido e continuar cometendo crimes.
Nunca foi tão fácil ficar bem informado com O
Antagonista
Ainda de acordo com ele, durante a gestão do
ministro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), plataformas digitais foram
“ameaçadas” pela Corte para que derrubassem perfis no período eleitoral e havia
um “mutirão de perseguição à direita“ no tribunal.
“Esse pedido [para derrubar perfis] de fato era
feito, inclusive às vezes em reuniões, que a gente chamou de uma comissão
dentro do TSE, às empresas de rede social, de software de comunicação, como a
Meta, Google, Telegram, YouTube, participavam constantemente, e sempre era
pedida uma certa celeridade”, pontuou Tagliaferro.
“A gente inclusive tinha alguns contatos de
diretores dessas plataformas, nos quais a gente acabava encaminhando direto o
ofício, antes mesmo de ele ter ido via oficial, para que aquele pedido do
ministro Alexandre de Moraes fosse realizado o quanto antes possível. Mas eles
eram ameaçados, sim, inclusive com a derrubada da própria plataforma em todo o
território nacional“.
O ex-assessor acusou o Supremo Tribunal Federal
(STF) de promover censura no Brasil e disse que isto tem “reprimido,
constantemente, de forma brutal, um polo político, a direita, dando somente
liberdade e palavra à esquerda”. “Então temos hoje que trabalhar pesado nisso.
A comissão é uma comissão muito importante, nós precisamos que os parlamentares
assinem a CPMI da Vaza Toga, que os senadores também façam mais comissões, vão
mais atrás desse problema, que é um problema hoje não é de poucos, não, de
muitos”.
Ele prosseguiu: “Hoje, temos alguns censurados.
Amanhã poderemos ser todos, e não podemos aceitar num país democrático, num
país como o Brasil, um país lindo, um país amado, que isso continue. Porque se
nós continuarmos, se nós não manifestarmos, teremos um país pior que Cuba, pior
que Venezuela“.
Denunciado pela PGR
Em 22 de agosto, o procurador-geral da República,
Paulo Gonet, denunciou Tagliaferro ao STF pelos crimes de violação de sigilo
funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração
penal envolvendo organização criminosa e tentativa de abolição violenta do
Estado Democrático de Direito.
O ex-assessor é investigado pelo vazamento de
mensagens trocadas entre servidores do gabinete de Moraes no STF e no TSE.
Segundo a denúncia, entre maio e agosto do ano passado, Tagliaferro “violou sigilo
funcional e embaraçou as investigações ao revelar à imprensa e tornar públicos
diálogos sobre assuntos sigilosos que manteve com servidores do STF e do TSE na
condição de assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à
Desinformação”.
O procurador-geral também aponta que Tagliaferro
cometeu coação no curso do processo ao ameaçar, em julho deste ano, após deixar
o Brasil, revelar no exterior novas informações funcionais sigilosas obtidas no
exercício de seu cargo.
Para a PGR, o ex-assessor de Moraes aderiu às
condutas da organização criminosa investigada nos inquéritos da suposta trama
golpista, das fake news e das milícias digitais, e selecionou diálogos para
tentar interferir na credibilidade das investigações.
Após a denúncia, Moraes determinou que o Ministério
da Justiça protocole pedido de extradição de Tagliaferro.
O Ministério da Justiça enviou o pedido ao
Itamaraty, que deverá formalizá-lo junto ao governo da Itália, onde o
ex-assessor reside.
Tanto ele como Zambelli falaram por videochamada na
reunião da comissão hoje.
O Antagonista
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