Integrantes do STF (Supremo Tribunal
Federal) avaliam que o voto do ministro Luiz Fux na
ação da trama golpista “joga os colegas aos leões” e os expõe a mais sanções
dos Estados Unidos, bem como a novos ataques do bolsonarismo.
A interlocutores, ministros disseram que Fux
contradisse manifestações que ele próprio proferiu em julgamentos pregressos,
especialmente nos casos envolvendo os acusados pelos atos de 8 de janeiro.
Colegas da Primeira Turma relataram incredulidade
com o fato de Fux ter votado para condenar o tenente-coronel Mauro Cid por
abolição do Estado Democrático de Direito, mas não o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), a quem o delator obedecia.
Segundo fontes da Corte, já era esperado que Fux
abrisse algum grau de divergência no julgamento, mas a dimensão dessas
discordâncias – especialmente em relação a Bolsonaro — acabaram causando
surpresa.
A expectativa inicial era de que Fux acompanhasse o relator, ministro Alexandre de Moraes, e
votasse pela condenação do ex-presidente pela trama golpista, limitando suas
oposições à dosimetria da pena.
Na leitura de um ministro, Fux não só votou pela
absolvição, como também minimizou as articulações do plano de golpe,
chamando-as, por exemplo, de “bravatas” – o que enfraquece a unidade da Corte
na resposta contra os ataques.
Enquanto os bolsonaristas espalharam nas redes
sociais a mensagem de que Fux “honra a toga”, um colega disse que o ministro,
na verdade, “honra a manutenção do visto” para os Estados Unidos, já que
escapou da sanção de Donald Trump.
Um magistrado citou que, conhecendo agora o conteúdo
do voto, foi possível compreender o motivo pelo qual Fux disse, na terça-feira
(9), que não aceitaria ser interrompido: evitar ser rebatido ou confrontado.
O único “lado bom” da divergência de Fux, prosseguiu
essa fonte, é afastar a constante alegação dos apoiadores de Bolsonaro de que a
análise da ação penal na Primeira Turma seria “um julgamento de cartas
marcadas”.
Outro integrante da Corte disse reservadamente
à CNN que a divergência de Fux “faz parte do jogo” de qualquer
colegiado – e que todos os ministros têm direito de mudar de posição ao longo
do exercício do cargo.
Fonte: CNN
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