As exportações do Rio Grande do Norte para os
Estados Unidos registraram uma queda brusca de 74% entre julho e agosto deste
ano.
Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior apontam que o valor negociado com o país norte-americano
caiu de US$ 6,25 milhões para US$ 1,62 milhão no período.
Os setores mais afetados foram o de pescado fresco,
responsável por uma média anual de US$ 50 milhões em vendas ao mercado
americano — o equivalente a cerca de R$ 278 milhões —, e o de sal marinho, que
tinha 47% das exportações concentradas nos Estados Unidos.
"Algumas empresas exportaram alguma coisa em
torno de 20% do que faziam normalmente para ter a manutenção dos clientes e não
perder na totalidade o mercado que demorou muito para ser desenvolvido",
disse Arimar França Filho, presidente do Sindicato da Indústria da Pesca
(Sindipesca) no Rio Grande do Norte.
"Esse é um problema sério para a indústria
salineira. A gente precisa continuar lutando para encontrar uma solução e
recolocar esse sal", pontuou Airton Torres, presidente do sindicato que
representa o setor no estado.
A retração também foi percebida na balança comercial
geral do Rio Grande do Norte com o mundo. As exportações do estado com todos os
países passaram de US$ 62,25 milhões em julho para US$ 23,32 milhões em agosto
— queda de 62,5%.
Na comparação anual, agosto de 2025 teve redução de
79,9% em relação ao mesmo mês do ano passado.
No ranking do Nordeste, o Rio Grande do Norte
aparece como o quinto estado mais afetado pela tarifa americana.
Por outro lado, alguns setores conseguiram compensar
parcialmente as perdas ao encontrar outros mercados. Produtos como ouro,
pérolas, pedras preciosas, frutas e nozes frescas chegaram em maior volume a
destinos como Reino Unido e Tailândia.
"O diferencial do Rio Grande do Norte é que a
nossa a nossa balança comercial é bastante diversificada. Nós temos cerca de 84
países que recebem produtos potiguares. E de junho para agosto houve uma uma
diversificação ainda maior. Outros países, principalmente europeus, entraram na
rota de exportação de produtos potiguares", explicou Hugo Fonseca, secretário
adjunto de Desenvolvimento do estado.
Os mercados mais dependentes dos Estados Unidos,
como o sal e o pescado esperam medidas dos governos estadual e federal, como
benefícios fiscais, abertura de novos mercados e programas de apoio às empresas
exportadoras.
Ao mesmo tempo, uma missão da Confederação das
Indústrias em conjunto com oito federações industriais, incluindo a do RN, foi
aos Estados Unidos no fim da semana passada para abrir um diálogo com o governo
americano.
Os Estados Unidos mantém a posição de seguir com a
tarifa, mas os empresários acreditam que o canal aberto permite um diálogo mais
próximo para encontrar alternativas.
"Lá nós deixamos mensagens importantes
referente à nossa economia, do ponto de vista de vantagem para o mercado
americano. E daí a Federação da Indústria ter convocado as empresas americanas
parceiras das nossas empresas aqui para estarem presentes nessas discussões.
Essa é a grande é a grande estratégia que nós utilizamos, porque nós Plantamos
lá informações específicas do nosso setor, mostrando a importância do nosso
produto para o consumidor americano", afirmou Roberto Serquiz, presidente
da Federação das Indústrias do RN (Fiern).
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