quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Diabéticos ficam sem insulina análoga de ação prolongada no RN

 


Pacientes com diabetes tipo 1 que dependem da rede pública de saúde no Rio Grande do Norte estão enfrentando, mais uma vez, a falta da insulina análoga de ação prolongada, também conhecida como “insulina basal”. O medicamento é considerado essencial para o controle da doença e sua ausência representa um risco grave à saúde — inclusive de morte.

De acordo com denúncias da Associação Potiguar Amigos dos Diabéticos do RN (APAD RN), o remédio está novamente em falta na Unicat, responsável pela distribuição. O problema tem sido recorrente ao longo dos últimos meses e ainda não há previsão de regularização.

Pacientes com diabetes tipo 1 utilizam dois tipos de insulina: a de ação rápida, geralmente aplicada antes das refeições, e a de longa duração. Embora a insulina de ação rápida ainda esteja disponível na Unicat, é importante destacar que ambas têm funções distintas no organismo e não podem ser substituídas uma pela outra.

“Esse diabetes tipo 1 é um paciente que desde o início do tratamento já precisa da insulina. Então, a insulina é igual à vida. Para esse paciente, porque ele não tem nenhuma outra alternativa terapêutica, somente a insulina. Então, a insulina representa ele viver ou morrer. Ele não tem opção, ele tem que usar realmente a insulina”, afirmou a médica Anna Karina, presidente da Sociedade de Endocrinologia e Metabologia RN (SBEM/RN).

De acordo com Anna Karina, cerca de 5% dos pacientes com diabetes têm o tipo 1 da doença, uma condição autoimune que exige o uso de insulina desde o início do diagnóstico e de forma contínua, já que não há alternativa terapêutica. Já o diabetes tipo 2 é progressivo e, em geral, é tratado inicialmente com medicamentos orais, mas evolui para a necessidade de insulina.

Segundo a médica, a responsabilidade pelo fornecimento da insulina análoga de ação prolongada para pacientes com diabetes tipo 1, assim como dos insumos necessários ao tratamento, foi definida em um convênio entre a Unicat e o Ministério da Saúde. Ela destaca que o cuidado vai além da medicação: “Não é só a insulina. O paciente diabético precisa fazer a glicemia, precisa das fitas reagentes, das lancetinhas para furar o dedo, da agulha para colocar na caneta, da insulina — porque hoje a insulina é fornecida em caneta.”

A Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap) informou que: “A disponibilidade da insulina análoga de ação prolongada é de responsabilidade do Ministério da Saúde, cabendo à Unicat a organização da distribuição. A unidade aguarda o envio de novo carregamento por parte do ministério para regularizar a entrega à população.”

Em nota enviada à Tribuna do Norte, o Ministério da Saúde negou a falta do medicamento: “Não há falta de insulina no Brasil”. A pasta informou que, apesar do cenário global de restrição, possui contratos que asseguram o fornecimento de insulina para todo o ano de 2025.

Ainda segundo o Ministério, todos os estados receberam “100% das insulinas humanas solicitadas”, entre frascos e tubetes (carpules), sendo responsabilidade dos governos estaduais a distribuição aos municípios. A pasta informou ainda que, até agosto deste ano, foram distribuídas 62,9 milhões de unidades em todo o país — 30% a mais do que a média mensal do ano anterior.

A Associação Potiguar Amigos dos Diabéticos do RN (APAD RN) confirma o cenário de desabastecimento e relata que os usuários da rede pública não têm sequer prazo. “A gente está recebendo só a insulina de ação rápida. A prolongada a gente não recebe de jeito nenhum. Só dizem que não chegou e não tem previsão”, informou a associação. Segundo a APAD, os pacientes enfrentam essas dificuldades desde maio deste ano.

A presidente da SBEM/RN enfatiza que, sem o fornecimento adequado de insulina, os pacientes correm risco de morte iminente. “Para o tipo 1, se ele não usar a medicação, ele vai morrer, porque ele não sobrevive sem insulina. O tipo 2 ainda tem um remédio que dá uma pequena ajuda. Então, ele vai precisar da insulina”, destaca.

 

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