quarta-feira, 13 de agosto de 2025

RN deve dobrar exportação de frutas na safra 2025/2026 e alcançar 300 mil toneladas

 


O Rio Grande do Norte inicia a safra 2025/2026 de frutas frescas com uma expectativa histórica para o Porto de Natal: movimentar até 300 mil toneladas, volume que dobrará a quantidade exportada em relação à safra anterior e consolidará o terminal potiguar como o principal polo nacional de exportação frutícola. O processo foi iniciado no último domingo (10) com o primeiro navio da safra, e oficialmente lançado no dia seguinte, reforçando a retomada do papel estratégico do Porto de Natal na cadeia produtiva da fruticultura potiguar.

Este avanço expressivo é fruto de uma articulação entre a Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), a Agrícola Famosa — maior exportadora potiguar do setor — e o Governo do Estado, que vem investindo em infraestrutura para viabilizar o aumento do fluxo exportador. Carlo Porro, CEO da Agrícola Famosa, destaca as vantagens competitivas do porto e do modal dedicado: “As vantagens de ter um porto dedicado e, principalmente, um navio dedicado, são a qualidade da fruta e o tempo de viagem. O navio não para em outros portos, a fruta chega mais rápido e no padrão ideal. Isso ajuda muito na qualidade da fruta”, explica.

A Agrícola Famosa prevê exportar cerca de 300 mil toneladas de melões e melancias nesta safra, além de uma pequena participação de mangas e uvas. O quantitativo representa o dobro do volume exportado pelo Porto de Natal na safra passada. “Se conseguirmos estender a safra por mais dois meses, até março e abril, quando antes chegava até o final de fevereiro, acredito que o Porto de Natal se tornará o maior porto fruteiro do país”, completa Porro.

A empresa já transfere para Natal parte da carga que antes seguia por outros portos, com o terminal respondendo atualmente por 65% a 70% das exportações da Agrícola Famosa.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern) avalia positivamente o crescimento do volume exportado pelo porto, mas alerta para a concentração da atividade em um único operador. “O volume exportado saltou de 46,4 mil toneladas na safra 2023/2024 para 131,5 mil toneladas na 2024/2025. Isso reforça o papel da Agrícola Famosa como vetor da fruticultura potiguar, mas a dependência de um único operador limita a diversificação de riscos e estabilidade a longo prazo,” analisa o presidente José Vieira, da Faern.

Embora o Porto de Natal tenha avançado em infraestrutura, com câmaras frias e melhorias logísticas, Vieira aponta limitações operacionais que ainda impactam a competitividade: restrições de calado, incapacidade de receber navios de grande porte, escalas pouco frequentes e baixa previsibilidade de atracação. Ainda assim, ele reconhece que a rota direta encurta o tempo e reduz custos para mercados europeus, Rússia, Oriente Médio e Canadá — que permanecem como os principais destinos das frutas potiguares, enquanto o mercado americano representa menos de 5% da produção.

Sobre o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos, o setor considera que o efeito direto na fruticultura do RN é restrito, mas não desprezível. Vieira pondera que “a manutenção de tarifas elevadas reduz a competitividade, afeta segmentos especializados e dificulta a diversificação de mercados, especialmente para frutas premium”.

O secretário de Desenvolvimento Econômico do RN, Alan Silveira, confirma a meta estadual de ultrapassar as 300 mil toneladas na safra 2025/2026. Ele destaca que, além das frutas tradicionais — mamão, melancia, manga e melão —, a banana, castanha de caju e coco também vêm ganhando relevância nas exportações. Segundo Silveira, as exportações de frutas do RN mais do que dobraram em seis anos, saindo de US$ 120 a 130 milhões para superar US$ 250 milhões, o que trouxe aumento de investimentos, geração de empregos e acesso a tecnologias avançadas, com reflexos positivos em regiões produtoras como Mossoró, Vale do Açu e Chapada do Apodi.

Infraestrutura

Para garantir a operação da safra, a Codern realizou uma dragagem emergencial no canal de acesso ao porto, removendo um banco de areia para manter o calado em 10 metros. O investimento foi de R$ 6,4 milhões. Além disso, o governo federal anunciou esta semana R$ 130 milhões em novos investimentos, incluindo reforma de armazéns, galpões e instalação de usina fotovoltaica, com obras já iniciadas. A estatal prevê que a ampliação do calado para 12 metros e a instalação das defensas da Ponte Newton Navarro possibilitarão a passagem de navios 24 horas por dia, atraindo novos clientes para o terminal.

Atualmente, o Porto de Natal movimenta cerca de 10 mil toneladas semanais de frutas, concentradas na exportação feita pela Agrícola Famosa. Porém, a Codern busca ampliar o atendimento e a diversidade de cargas, incluindo a possibilidade de exportar minério de ferro, açúcar e gado vivo nos próximos anos, com expectativa de iniciar a movimentação do minério já em 2027.

O governo do Estado diz que mantém negociações com outros potenciais exportadores e acompanha de perto a operação do porto para garantir que as melhorias e investimentos possam ampliar o volume e a qualidade dos serviços prestados, tornando Natal uma plataforma competitiva e sustentável para o setor frutícola e outras cadeias produtivas.

 

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