O presidente da Federação da
Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (Faern), José Vieira,
disse ao AGORA RN que as medidas adotadas pelos governos
estadual e federal para frear efeitos do tarifaço de Donald Trump na
agropecuária são paliativas e não devem resolver o problema. A sobretaxa de 50%
nas exportações brasileiras, válida desde 6 de agosto, deve afetar 96% dos
itens exportados pelo Rio Grande do Norte para os Estados Unidos.
De acordo com José Vieira, os impactos começarão a
ser sentidos no Estado já no final de agosto – período de colheita –,
principalmente em itens como peixes frescos e frutas. “Daqui a um mês, vai
começar a exportação de manga e isso nos preocupa, porque boa parte da nossa
produção dessa fruta vai para os Estados Unidos”, disse nesta quinta-feira 14.
O mel produzido no Estado também é um item
sobretaxado, mas Vieira observa que o Rio Grande do Norte não exporta esse
alimento de forma direta. “Nós produzimos o mel e vendemos para outros estados
que exportam. Os nossos apicultores também poderão sofrer algum impacto”.
Vieira defende o diálogo entre os governos
brasileiro e americano para tentar um acordo, como outros países já fizeram
desde que Trump iniciou o tarifaço. “Precisamos resolver o problema. O Brasil
precisa parar de discutir o mensageiro e discutir a mensagem”, declarou,
referindo-se à postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que Vieira
afirma ser “intransigente” com Trump.
“Na hora que o governo brasileiro entender que
precisa sentar com o governo americano numa conversa de alto nível e que possa
discutir o que é bom para os Estados Unidos e o que é bom para o Brasil, eu não
tenho dúvida de que nós vamos caminhar para uma solução”, ressalta.
Medidas
Para tentar conter os efeitos das tarifas impostas
pelo presidente dos EUA, os governos estadual e federal lançaram medidas. O
Governo do Estado anunciou iniciativas como o aumento da desoneração do ICMS às
empresas beneficiadas pelo Proedi e a duplicação do valor mensal de créditos
acumulados de ICMS para empresas exportadoras.
Já o governo federal lançou, na última quarta-feira
13, o “Plano Brasil Soberano”. Entre as ações, o governo criará uma linha de
crédito de R$ 30 bilhões, com recursos do Fundo Garantidor de Exportações
(FGE), ampliará as linhas de financiamento às exportações e prorrogará a
suspensão de tributos para empresas exportadoras. O plano é dividido em três
eixos: fortalecimento do setor produtivo; proteção aos trabalhadores; e
diplomacia comercial e multilateralismo.
Segundo informações do governo estadual, a sobretaxa
de 50% incide sobre 45 itens dos 47 produtos da pauta de exportações pelo RN
para o mercado norte-americano. Isso representa 96% da produção potiguar
destinada aos EUA, excetuando os derivados de petróleo e, possivelmente, as
castanhas de caju.
“Trazer ações paliativas no sentido de liberar
financiamento, isso não resolve”, disse José Vieira. “Isso só faz com que
percamos competitividade em relação aos outros países, que vão estar com o
preço mais baixo e vão colocar produtos dentro dos Estados Unidos”.
Entre janeiro e junho de 2025, as exportações do RN
com destino aos EUA movimentaram US$ 67,1 milhões. O País é um dos três
principais parceiros comerciais do estado na pauta exportadora.
Agora RN
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