A Operação Carro Pipa (OCP) ampliou sua atuação no
Estado neste ano. Com chuvas abaixo da média, o aumento do número de municípios
que precisam de intervenção dos pipeiros com água potável foi de 20%, saltando
de 53 municípios beneficiados entre janeiro e agosto de 2024 para 64 cidades
impactadas no mesmo período de 2025. Atualmente, 81.604 potiguares estão sendo
beneficiados com a operação. As informações são do Exército Brasileiro (EB) e
do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).
Neste ano, até julho de 2025, o investimento na
operação já atinge R$ 21 milhões, se aproximando do montante gasto em 2024, que
foi de R$ 34 milhões. Os recursos são de cerca de 98% para pagamento dos
pipeiros, sendo os outros 2% para custeio das atividades do Exército. Segundo o
EB, outros seis municípios estão em processo de inclusão na Operação Carro
Pipa.
A Operação Carro Pipa atende prioritariamente
municípios na região do semiárido nordestino em situação de emergência ou
calamidade pública por seca ou estiagem, com reconhecimento federal da Defesa
Civil Nacional. “Com um papel crucial na vida de milhões de brasileiros que
vivem na região do semiárido, a OCP é uma ação emergencial coordenada pelo MIDR
e pelo Exército com o objetivo de garantir o acesso à água potável em
municípios que sofrem com a escassez hídrica, um problema recorrente nessa
região do país”, disse o MIDR em nota enviada à TN.
Segundo o Coronel José Gerino Bezerra Cordeiro,
chefe do Escritório Regional da Operação Carro Pipa da 7ª Brigada de Infantaria
Motorizada no RN, a ação é voltada especificamente para populações das zonas
rurais dos municípios, com o pedido sendo feito pelas prefeituras por meio do
decreto de emergência por situação de seca. Atualmente, 76 municípios
potiguares tiveram suas situações de seca decretadas reconhecidas pelo Governo
Federal.
Uma vez feita a solicitação e indicada as áreas a
serem beneficiadas, o Exército Brasileiro entra em ação com as contratações dos
carros pipa, que atualmente somam 215 no Estado. “No sistema o município insere
os dados, não só o decreto de emergência, mas fotos que mostrem a situação de
seca na região, os mananciais que existem, o gado que está morrendo. Ele mostra
uma série de dados para que o MIDR reconheça que aquele município precisa da
Operação Carro Pipa. Com isso, o MIDR manda para o Exército para que aquele
município seja inserido na Operação. Vamos ao município, fazemos o
reconhecimento da região, ver a real necessidade. É um trabalho conjunto com as
coordenadorias de Defesa Civil dos municípios”, explica o Coronel José
Cordeiro.
Na prática, cada pessoa da comunidade rural precisa
receber 20 litros de água por dia. Numa comunidade que tenha 30 pessoas, por
exemplo, o cálculo é feito em cima da quantidade de dias de água a serem
disponibilizadas para as pessoas daquela área.
“Cada pessoa recebe 20 litros de água por dia. Se a
comunidade tem 50 pessoas, por exemplo, então 50 multiplicado por 20
litros/dia, são 1.000 litros/dia para aquela comunidade. Como são 30 dias por
mês, seria 30 mil litros por mês. Se contratamos um caminhão com capacidade de
10 mil litros, precisamos que aquele caminhão faça 3 viagens, por exemplo”,
aponta.
Fiscalização
Dos mananciais às cisternas, as águas levadas pelos carros-pipa até à população
passam por um longo processo de fiscalização e verificações de pureza da água,
com intuito de evitar riscos e contaminações para a população beneficiada.
Segundo o Coronel José Gerino Bezerra Cordeiro,
coordenador da Operação Carro Pipa no RN, os carros pipa passam por todo um
processo de rastreabilidade via satélite bem como laudos de potabilidade da
água mensais e vistorias em relação à documentação do veículo, além de colagem
de adesivos nos caminhões.
A fiscalização, segundo o Coronel, é necessária para
que não haja desvios na água nem contaminações nos tanques dos veículos. Ele
aponta que em caso de irregularidades, os pipeiros podem responder a processos
administrativos e eventuais exclusões do programa.
“É um contrato de exclusividade. Ele só pode trabalhar
naquele período de 6 meses, do contrato, para a Operação Carro Pipa. Não se
pode fazer outro serviço, para evitar contaminação no tanque num final de
semana levando água que não é potável, por exemplo. Cada caminhão desses é
levado um equipamento de rastreio via satélite. Temos um sistema de
acompanhamento do percurso que ele realiza durante o trabalho de entrega de
água”, finaliza, acrescentando que pelo menos 95% dos pipeiros seguem às regras
e diretrizes estabelecidas pela legislação.
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