O PSD elegeu como um dos principais focos nas
eleições de 2026 elevar seu cacife em todo o Nordeste, principal reduto do PT.
O partido de Gilberto Kassab quer ampliar o número de deputados estaduais e
federais, além de senadores, para turbinar sua capilaridade e se tornar cada
vez mais indispensável no xadrez da região.
Cabeça de chapa não é prioridade, apesar de ter voo
solo para governos estaduais no radar. A estratégia desenhada pela sigla inclui
filiar políticos locais, sem fechar a porta para alianças estratégicas. Em
alguns Estados, como Bahia, Ceará e Piauí, a legenda estará no palanque de
petistas, com acordos já bem consolidados.
O mais importante, ressaltam seus interlocutores, é
expandir a presença no Legislativo para ter cada vez mais recursos dos fundos
partidário e eleitoral, tempo de TV e poder de influência no Congresso
Nacional.
Passo a passo das negociações do PSD
Nos encontros do PSD, Kassab não esconde a
empolgação. E é com a ajuda do próprio PT que ele vai expandindo seu poder na
região. Em julho, por exemplo, esteve no Piauí para formalizar uma dessas
alianças. No Estado, o PSD apoiará a tentativa de reeleição do governador
Rafael Fonteles (PT). Em troca, lançará o deputado federal Júlio Cesar (PSD) ao
Senado, com apoio dos petistas.
Na eleição de 2024, o PSD se consolidou como o
partido que comanda mais prefeituras no País. No Nordeste, elegeu 273 gestores
municipais, atrás apenas do MDB (280). O PT, por sua vez, emplacou 170
prefeitos na região. A sigla tem hoje na região 19 deputados estaduais e 17
federais, além de cinco senadores.
Mapa das alianças do PSD no Nordeste
Na Bahia, Estado que é governado pelo PT há 18 anos,
o PSD tem hoje o maior número de prefeituras - elegeu 115 em 2024, enquanto o
PT conquistou apenas 50.
Além disso, o partido de Kassab conta com dois
senadores - Otto Alencar e Ângelo Coronel -, seis deputados federais, entre
eles Antonio Brito, que lidera a bancada na Câmara. A tendência é que a sigla
apoie a reeleição do governador petista Jerônimo Rodrigues, mas apenas se
receber a garantia de integrar a chapa para o Senado.
No Ceará, o PSD deve apoiar a candidatura à
reeleição de Elmano de Freitas, do PT, ao governo. Com essa aliança, espera
ampliar a bancada na Câmara de três para cinco parlamentares e eleger um
senador.
No Piauí, o partido de Kassab também estará ao lado
do PT, com o apoio ao governador Rafael Fonteles (PT). Em troca, pretende
eleger quatro deputados - hoje, conta com três. Além disso, o hoje deputado
Júlio Cesar (PSD) concorrerá ao Senado.
No Rio Grande do Norte, o candidato da sigla de
Kassab ao governo será o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União-RN),
aliado da senadora Zenaide Maia (PSD-RN).
Em Alagoas, o PSD articula para filiar o atual
governador, Paulo Dantas (MDB), e todo o seu grupo político.
Em Pernambuco, o PSD filiou este ano a governadora
Raquel Lyra, que corre o risco de perder a reeleição no ano que vem para o
prefeito de Recife (PE), João Campos (PSB). O partido, contudo, aposta em uma
eventual rejeição do eleitor a Campos no momento em que ele renunciar à
prefeitura para disputar o governo do Estado.
O governador de Sergipe é Fábio Mitidieri, do PSD, e
o partido aposta em sua reeleição em 2026.
Na Paraíba, a sigla espera eleger Pedro Cunha Lima
(PSD) para o governo do Estado - na eleição de 2022, ele perdeu no segundo
turno para João Azevedo (PSB) por uma diferença de cinco pontos porcentuais.
Já no Maranhão, o candidato a governador será o
prefeito da capital São Luís (MA), Eduardo Braide. No Estado, a senadora
Eliziane Gama (PSD-MA) deve concorrer à reeleição.
Coluna do Estadão
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