A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu
sua manifestação ao STF (Supremo Tribunal Federal) com duras críticas à atuação
da PF (Polícia Federal). Segundo os advogados, o relatório final elaborado pela
corporação “causa espanto” e representa “a mais indisfarçada manifestação do
lawfare”.
“O relatório da Polícia Federal encaixa-se como uma
peça política, com o objetivo de desmoralizar um ex-presidente da República —
que, quer queiram as autoridades policiais ou não, ainda é um líder político —
expondo sua vida privada e acusando-o de fatos tão graves quanto descabidos”,
afirmam os advogados.
A defesa acusa a PF de dedicar boa parte do
relatório a “um disse-me-disse sem qualquer relevância para a investigação”,
incluindo diálogos privados e articulações políticas que, segundo os advogados,
não têm relação com os fatos apurados.
“Não parece ter relevância para a investigação o
fato de o presidente pretender apoiar o governador Tarcísio ou um de seus
filhos como candidato à Presidência da República”, diz o texto.
“O objetivo do inquérito é proteger o Estado
Democrático, mas diversas leis são lançadas ao lixo”, afirmam os advogados.
Eles criticam a divulgação de movimentações
financeiras e conversas privadas à imprensa, como se dados bancários não fossem
protegidos por lei.
A defesa também contesta a insinuação de lavagem de
dinheiro a partir de uma transferência bancária para a esposa de Bolsonaro,
feita via Pix e com origem lícita. “É necessário presumir que os investigadores
sabem o que é o crime de lavagem, que determina origem ilícita e não se
consubstancia com depósitos, via Pix, para familiares”, afirmam. “Então, o
objetivo é o massacre. A desmoralização. Ou seja, é lawfare em curso.”
Além das críticas à condução da investigação, os
advogados pediram ao STF a reconsideração da decisão que determinou a prisão
domiciliar de Bolsonaro. Em manifestação enviada ao ministro Alexandre de
Moraes, relator do inquérito, a defesa alegou que não há fatos novos que
justifiquem o agravamento das medidas cautelares.
Segundo os advogados, o ex-presidente tem cumprido
todas as determinações judiciais, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, a
proibição de viajar ao exterior e a participação em audiências.
“Prestados os esclarecimentos solicitados,
aproveita-se para requerer a reconsideração no que toca à decisão que
determinou a prisão domiciliar, ou, caso Vossa Excelência assim não entenda, o
julgamento urgente do agravo regimental interposto pela defesa”, diz o texto.
A defesa também critica a tentativa de criminalizar
mensagens privadas trocadas por Bolsonaro, inclusive com o advogado
norte-americano Martin de Luca, e aponta que o ex-presidente não respondeu à
mensagem enviada por Braga Netto, o que, segundo os advogados, descaracteriza
qualquer contato.
“Os elementos apontados na decisão serão devidamente
esclarecidos dentro do prazo assinado pelo ministro relator, observando-se,
desde logo, que jamais houve o descumprimento de qualquer medida cautelar
previamente imposta”, afirmaram.
A defesa conclui que as medidas cautelares vêm sendo
interpretadas de forma elástica e que Bolsonaro tem respeitado todas as
decisões do STF.
CNN
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