A cada 21 dias, uma mulher é morta no Rio Grande do Norte apenas
por ser mulher. É o que revelam dados da Secretaria de Estado da Segurança
Pública (Sesed), que registrou 10 feminicídios entre janeiro e julho
de 2025. No mesmo período de 2024, foram 12 mortes. Em todo o Brasil, o número
chegou a 1.492 feminicídios no último ano — a maior marca desde 2015, segundo o
Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025.
Mais de 60% dessas mortes ocorrem dentro da casa da
vítima. A maioria das mulheres assassinadas era negra (63,6%) e tinha entre 18
e 44 anos (70,5%). Em 80% dos casos, o autor era o companheiro ou
ex-companheiro.
Um caso que quase ampliou essa estatística foi o
de Juliana
Soares, de 35 anos, espancada com 61 socos dentro de um elevador por seu
namorado, Igor Eduardo Cabral, de 29 anos, no dia 26 de julho, em Natal.
Ele foi preso em flagrante e vai responder por tentativa
de feminicídio.
As agressões brutais foram registradas por câmeras
de segurança do prédio e chocaram o país. Juliana estava indefesa, caída no
chão, enquanto era golpeada seguidamente no rosto, o que, segundo
especialistas, carrega uma simbologia da cultura machista.
“Atingir o rosto também demonstra poder. Ele quer
aniquilar aquela mulher e deixar visível a sua marca”, afirma a antropóloga
Analba Brazão, do Instituto Feminista SOS Corpo. Já a promotora Valéria
Scarance, do Ministério Público de São Paulo, explica que os agressores costumam
atingir partes simbólicas do corpo feminino — rosto, seios e ventre — como uma
forma de controle e posse.
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