A estudante Juliana Soares, de 35 anos de idade, que
sofreu 61 socos do namorado no elevador de um condomínio em Natal,
foi homenageada nesta segunda-feira (25) com a Comenda Maria da Penha em uma
sessão solene na Câmara Municipal.
Juliana foi espancada no dia 26 de julho e sofreu
múltiplas fraturas na face e na mandíbula. O
agressor, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, foi
preso e virou
réu por tentativa de feminicídio.
Antes de receber a comenda, a estudante contou que
tem se recuperado bem das agressões - Juliana passou por
uma cirurgia de mais de 7 horas para reconstrução facial.
"Eu me sinto honrada e muito feliz
em representar um caso de resistência, um caso de uma pessoa que conseguiu,
mesmo diante de tanta agressão, de uma tentativa de feminicídio, mesmo assim,
eu consegui me levantar e estou me reerguendo", disse.
A estudante também comentou que segue
com algumas sequelas por conta das agressões, mas que tem sido
acompanhada de perto por uma equipe de saúde.
"Eu estou com algumas sequelas. Meu rosto do
lado direito ainda não está piscando bem, eu não tenho movimento ainda muito
bem coordenado, mas a gente acredita que com a fisioterapia vai dar tudo
certo", disse.
"Eu estou sendo muito bem assistida pelos
médicos que fizeram a minha cirurgia, pela equipe de residentes também. O tempo
inteiro perguntam como eu estou. Eu tenho consulta uma vez na semana só com
eles", completou.
Juliana Soares disse que se sentiu honrada em
receber o prêmio e reforçou a importância de encorajar as mulheres a denunciar
os agressores nos primeiros sinais de violência.
"A importância que eu percebo é de
dar visibilidade para que as mulheres se sintam encorajadas a denunciar seus
agressores. Se eu consegui dar a volta por cima, elas também podem",
falou.
A estudante comentou que planeja voltar a estudar e
trabalhar e que também recebeu convites para rodas de conversas e palestras em
outras cidades. Apesar disso, disse ainda não ter previsão de retorno a essa
rotina.
Antes de receber a comenda, Juliana também fez
questão de agradecer à "rede de apoio" que a ajudou nesse período
difícil e falou ainda que a solidariedade das pessoas nas redes sociais a
ajudaram na recuperação.
"Gostaria de ressaltar também a importância da
rede de apoio, porque uma mulher que tem a quem recorrer, ela se sente mais
encorajada, ela consegue mesmo retomar a sua vida longe do agressor",
disse.
"Eu agradeço muito a solidariedade,
o acolhimento, a empatia. Abraçaram, de fato, a minha causa. E assim, eu me
sinto muito bem por isso, porque eu acho que a metade da minha recuperação foi
dada a isso: as energias boas, as orações, a tudo de positivo que eu recebi.
Com certeza, além dos cuidados médicos, isso foi fundamental para que me
recuperasse".
O caso
O crime aconteceu em um condomínio no bairro Ponta
Negra, na Zona Sul de Natal. Após a prisão, o agressor, Igor Eduardo
Cabral, foi
transferido para a Cadeia Pública de Ceará-Mirim.
Juliana Soares sofreu fraturas nos ossos da face
e recebeu
alta hospitalar em 4 de agosto, após passar por cirurgia.
Antes da agressão, segundo a polícia, o casal teria
discutido na área de lazer do residencial, momento em que o agressor jogou o
celular da vítima na piscina. Segundo a Polícia Civil, eles estavam fazendo
churrasco com amigos.
Em 7 de agosto, a Justiça aceitou denúncia do Ministério
Público do Rio Grande do Norte, tornando Igor
Cabral réu por tentativa de feminicídio.
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