quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Dona de casa destruída após cerco a Pica-Pau pede ajuda para reforma

 



Três semanas após o confronto que terminou com a morte do criminoso Marcelo Jhonny Viana Bastos, conhecido como “Pica-Pau”, a proprietária da casa onde ele estava escondido voltou ao local e encontrou o imóvel destruído. O tiroteio com forças policiais ocorreu entre 26 e 27 de julho no loteamento Portal do Sol, em Extremoz. O imóvel ficou totalmente danificado, com buracos de bala nas paredes, portas arrancadas, chão coberto por metralha e restos de bombas espalhados.

A recepcionista Cecília Gabriela contou que o sonho da casa própria foi destruído em poucas horas. “Eu trabalhei duro, fiz horas extras, trabalhei em feriados para conseguir juntar a entrada da minha casa, fazer tudo direitinho. Todos os problemas que surgiam eu tentava resolver, mas infelizmente aconteceu isso tudo e é um sonho destruído”, relatou. Ela foi a primeira da família a ter um imóvel em seu nome, e toda a família estava orgulhosa da conquista. Cecília também detalhou os estragos.

“Foi usada uma bomba adesiva que explode apenas um pedaço quadrado da parede. Há tiros no banheiro, nos dois quartos, na sala, na cozinha e nas laterais das casas dos vizinhos também. Ainda restam bombas no local; tiraram muitos sacos porque pensavam que ele estava no quarto, mas ele estava se arrastando do banheiro para a cozinha. Segundo a delegada, ele andava arrastado”, explicou, em entrevista à TV Ponta Negra.

Além dos danos estruturais, Cecília lamentou o saqueamento da casa. “Quando teve a perícia, ainda havia algumas coisas. A população invadiu e saqueou tudo: roupas, máquina de lavar, ventilador. Eu pedi, quase chorando, para não entrarem, que precisávamos tirar fotos e vídeos para fazer o boletim de ocorrência e requerer meu direito na Justiça. Mesmo assim, derrubaram o portão e levaram tudo na minha frente”.

A recepcionista comprou a casa financiada, no valor de R$ 140 mil. Ela deu uma entrada de R$ 7,5 mil e paga parcelas de R$ 500. Morou no imóvel por um ano e, há cerca de um ano e três meses, alugou a casa. Cecília explicou que precisa de pelo menos dois laudos técnicos para começar a reforma.

“Falei com o advogado. Preciso de um laudo de engenheiro para saber o valor do prejuízo e outro de corretor para saber quanto a casa vale hoje. Tudo tem custo. O mais barato que encontrei foi R$ 1,2 mil; alguns engenheiros pedem três salários mínimos. Infelizmente, sou sozinha, não tenho quem me ajude financeiramente e não sei de onde tirar. As pessoas falam para eu entrar na Justiça contra o Estado, mas não é tão simples assim”.

Sem recursos, Cecília começou uma vaquinha para reconstruir o muro, mas não pode iniciar as obras sem o laudo. “Quem puder ajudar, o PIX é ceciliagabriela987@gmail.com”. Segundo ela, é preciso erguer um muro para fechar a casa. “Não posso mexer enquanto o engenheiro não fizer o laudo. A partir disso, vou tentar buscar, via Justiça, ser ressarcida. Aqui, não falamos de dinheiro, mas de amor, empatia e ajuda. Muitas pessoas sonham em ter casa própria e não conseguem. Eu consegui, mas infelizmente acabou assim”.

Entenda o caso

Marcelo Jhonny Viana Bastos, o “Pica-Pau”, foi morto por volta das 8h15 de 27 de julho, após 22 horas de troca de tiros com policiais em Extremoz, na Grande Natal. Ele estava cercado desde a manhã do dia 26, no bairro Portal do Sol, e resistiu à prisão armado com um fuzil de grosso calibre. A ação envolveu agentes do Batalhão de Choque e da Polícia Civil, com apoio do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e é considerada uma das mais longas e intensas da segurança pública potiguar nos últimos anos.

O cerco começou por volta das 10h30 de sábado, após denúncia de que um carro roubado estaria escondido no imóvel. Ao chegarem ao local, os policiais foram recebidos a tiros. No confronto inicial, dois comparsas de Marcelo foram mortos e três policiais ficaram feridos — um deles atingido por estilhaços. Mesmo com negociações e a presença de familiares, ele se recusou a se render. No fim da tarde, gravou um vídeo armado, afirmando que não sairia vivo.

Apontado como líder da facção “Novo Cangaço”, dissidência do “Sindicato do Crime” que atua no RN, Marcelo era investigado por roubos a bancos, veículos de luxo, homicídios e outros crimes. A polícia atribuía a ele participação em pelo menos 14 assassinatos em um único mês, além do assalto a um carro-forte em agosto de 2024, em Natal, quando o vigilante Janielson Carvalho Correia foi morto.

 

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