A mãe de Juliana Soares, a jovem de 35 anos que foi
brutalmente espancada pelo ex-namorado Igor Cabral dentro de um elevador em
Natal, quebrou o silêncio e revelou que nunca teve uma boa impressão do
acusado. E pela primeira vez, Débora Garcia concedeu entrevista.
Com exclusividade para a jornalista Anna Ruth
Dantas, da Band RN, Débora, a mãe de Juliana, contou que só encontrou o
agressor uma única vez, em 2024, e que, mesmo nesse breve contato, algo a
incomodou profundamente.
“Eu vi ele uma vez, ano passado, nas férias. Eu vi
uma vez só. Ela me apresentou, eu falei ‘oi, tudo bem?’. Foi a única palavra
que eu falei com ele. Eu não tinha convivência nenhuma com ele. Eu nunca gostei
dele, nem por foto, nem nesse ‘oi, tudo bem’. Mas era uma coisa minha, não sei
se intuição de mãe”, relatou.
O crime ocorreu no dia 26 de julho e foi registrado
pelas câmeras de segurança do prédio onde Juliana mora. As imagens mostram Igor
Cabral desferindo 61 socos na vítima em apenas 38 segundos, dentro do elevador.
O ataque, que paralisou o país pelo grau de violência, teve uma repercussão
imediata nas redes sociais e na imprensa nacional.
O acusado está preso preventivamente e já responde
como réu na Justiça. Para Débora, a filha sempre evitou compartilhar problemas
para poupá-la: “Ela me poupa o máximo que pode. Eu não sabia”, desabafou.
Débora estava em Curitiba (PR) quando recebeu a
ligação que mudaria sua vida. Segundo ela, a informação chegou por meio de uma
amiga, madrinha de Juliana, que foi avisada pela síndica do prédio.
“Ela me disse que não tinha uma notícia boa para me
dar. Eu não lembro exatamente as palavras porque entrei em pânico. Entreguei o
celular para o meu marido, que conduziu a ligação”, contou. Mesmo em meio ao
terror, Juliana tentou proteger a mãe: “No meio de todo esse terror, ela ainda
quis me proteger. Falou que só ia me contar quando tivesse melhor”, disse.
Sem condições financeiras para viajar imediatamente,
Débora contou com a ajuda de uma amiga para conseguir ir a Natal. Quando
chegou, já havia assistido ao vídeo da agressão. “Ver aquilo ali foi o pior
pesadelo que uma pessoa pode ter na vida”, relatou.
Juliana passou por uma cirurgia complexa devido à
gravidade das fraturas. Agora, segue em recuperação, já em dieta pastosa,
recebendo fisioterapia e outros tratamentos complementares. Ao lado da mãe e
cercada por uma rede de apoio de amigas, encontra forças para seguir.
Débora faz questão de reconhecer o papel fundamental
das amigas da filha no processo de recuperação: “As meninas cercam ela de
carinho, até de brincadeiras, para ela rir. Eu sou muito agradecida a essas
meninas”, disse.
Dormindo ao lado de Juliana, a mãe confessa que
ainda revive a cena do vídeo, mas se apega à gratidão por tê-la viva: “Eu fico
olhando para ela e pensando lá naquela imagem, naqueles vídeos, e agradecendo
porque Deus salvou ela”.
Uma das maiores preocupações de Juliana é que o
crime não caia no esquecimento. “Ela fala sobre o não deixar apagar. Porque uma
tragédia acontece direto e daqui a pouco some. O que ela quer lutar no momento
é que isso não suma. Ela quer dar voz para outras mulheres, para que não passem
por isso”, contou a mãe.
Débora acredita que as imagens do elevador foram
decisivas para a repercussão: “Se não fosse a câmera, seria mais um caso. Tomou
a proporção graças à inteligência dela no momento de ficar dentro do elevador.
Você imagina se ela tivesse ido para dentro do apartamento?”.
O exemplo de Juliana já começa a impactar outras
vítimas de violência doméstica. “Essa semana teve uma mulher que sofria
violência há 15 anos. Depois do caso de Juliana, ela finalmente denunciou e ele
foi preso. A gente quer lutar por isso”, disse Débora. O apelo para que a
Justiça seja rigorosa é enfático: “Eu imploro que a justiça seja feita. Nem
minha filha, nem nenhuma mulher, nenhum ser humano merece passar por isso. A
condenação seja feita de acordo com o que a lei manda”.
BnewsNatal
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