O Planalto arrochou a torneira de liberação de
emendas após sofrer nocaute na instalação da Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Apesar de o
baixo ritmo de pagamento das rubricas do Congresso ser citado como um dos
motivos que levou à reviravolta, o governo federal segurou a vazão dos recursos
parlamentares na quarta-feira (20/8), dia da abertura do colegiado, e na última
quinta-feira (22/8), dia seguinte à surpresa na votação da presidência e
relatoria do órgão.
O governo pagou apenas R$ 6,29 bilhões dos R$ 50,38
bilhões em emendas autorizadas para este ano, o que representa desembolso 13%
menor do que o esperado pelos parlamentares. Considerando o pagamento de
rubricas de anos anteriores que não foram pagas, o montante liberado pelo
Planalto sobe para R$ 15,4 bilhões em 2025. Os dados foram obtidos por meio do
Siga Brasil.
O governo tem concentrado o pagamento de emendas em
poucas datas, mas em média foram pagos R$ 66,3 milhões em emendas por dia em
2025. Na quarta-feira da derrota na CPMI do INSS, foram pagos R$ 32 milhões em
rubricas dos parlamentares. Somente no dia seguinte o valor subiu, mas se manteve
na média, com desembolso de R$ 68 milhões.
Ou seja: após a derrota, o governo pagou R$ 100,6
milhões em emendas. Detalhando os autores das rubricas liberadas pelo Planalto,
observa-se que R$ 22,2 milhões são de integrantes da CPMI.
Oposição aproveitou descontentamento com emendas
A movimentação que levou à eleição de Carlos Viana
(Podemos-MG) começou na noite antes da instalação da comissão. O líder do PL na
Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), convidou o senador mineiro para um jantar, no
qual propôs a candidatura. Depois do aval, o deputado articulou durante a
madrugada pelos votos de parlamentares descontentes com o governo Lula.
A principal reclamação, e vista como uma
oportunidade pelo PL, é a demora no pagamento de emendas parlamentares. Há um
constante mau-humor entre os parlamentares, principalmente do Centrão, a
respeito da liberação de recursos.
A avaliação de integrantes da oposição, que
articularam pela eleição dos dois nomes da oposição, é que a eleição de Viana e
Gaspar serviu como demonstração de força da direita, que estava fragilizada
depois da ocupação dos plenários em protesto pela prisão domiciliar de
Bolsonaro, mas também dos próprios parlamentares diante do governo.
Ante a derrota histórica, aliados de Bolsonaro
esperavam reação do governo para recuperar esse apoio, na forma do pagamento de
emendas. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, responsável
pela articulação política do governo, chegou a convocar os líderes da base para
ensaiar reação, mas, por ora, a resposta não veio na liberação de recursos.
Metrópoles
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