sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Cesta básica sobe em Natal e atinge R$ 615,39 por pessoa

 


O preço da cesta básica na capital potiguar subiu em julho, registrando uma variação positiva de 0,04% em relação ao mês anterior e atingindo um custo mensal por pessoa de R$ 615,39, segundo dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema RN), calculados pela Coordenadoria de Estudos Socioeconômicos (CES). O levantamento aponta ainda que o índice relativo a julho reverteu uma deflação de 1,82% registrada no mês anterior.

Dos 13 produtos que compõem a cesta básica e foram analisados no mês passado, seis apresentaram alta, com destaque para frutas (6,48%), leite (5,19%) e óleo (4,87%). Também subiram os preços dos legumes (2,75%), tubérculos (1,70%) e carne bovina (0,32%). Por outro lado, sete itens registraram queda, com destaque para o arroz (-13,56%), seguido por farinha (-4,93%), açúcar (-4,68%), pão (-3,02%), café (-2,25%), margarina (-2,09%) e feijão (-0,04%).

De acordo com Azaias Bezerra, secretário-executivo e chefe da equipe coletora de dados do Idema, essas variações são influenciadas principalmente pelo clima e pela entressafra. “A variação dos preços depende muito do clima e das chamadas entressafras. Por exemplo, a época do caju, a época da manga. Quando tem muita oferta, o preço cai; quando está em escassez, o preço sobe. A produção diminui e aí o mercado aproveita pra aumentar”, afirma.

Bezerra também comentou a redução no preço do café, que vinha se mantendo elevado: “O café ficou alto por muito tempo, R$ 18 o pacote de 250g. Só recentemente começou a cair, chegando a R$ 14. Quando o mercado sente que vai chegar mais, os preços começam a ceder”, explica.

Ainda de acordo com o chefe da equipe de dados do Idema, a queda no preço do açúcar foi reflexo da alta produção em estados produtores do Nordeste. “O açúcar chegou a custar R$ 4,80, até R$ 4,50, mas esta semana já encontrei por R$ 3,30. Essa queda é reflexo da grande produção em estados como Pernambuco, que têm forte cultivo de cana-de-açúcar”, sublinha.

Ainda segundo o levantamento do Idema, considerando uma família de quatro pessoas, o custo total com a cesta básica — estimado em R$ 615,39 por pessoa — chega a R$ 2.461,56 no mês. Ao somar esse valor a outras despesas essenciais, como vestuário, gastos pessoais e transporte, o total mensal pode atingir R$ 7.590,52.

O levantamento é realizado dia sim, dia não por uma equipe de oito pesquisadores que monitora mensalmente o comportamento dos preços, o que serve de referência para o acompanhamento do custo de vida na capital.

IPC
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da capital potiguar teve alta de 0,29% em julho na comparação com o mês anterior. Com isso, a variação acumulada no ano ficou em 2,78% e, nos últimos 12 meses (agosto/2024 a julho/2025), chegou a 5,14%.

O grupo alimentação e bebidas, que responde por 32,43% do orçamento familiar, apresentou avanço de 0,32% no mês. Entre os itens que mais contribuíram para o aumento estão hortaliças e verduras (10,04%), frutas (5,67%), farinhas, féculas e massas (2,58%), carnes (1,72%), enlatados e conservas (1,42%) e aves e ovos (0,82%).

Já o grupo despesas pessoais apresentou uma variação positiva de 3,26%. Os itens que mais contribuíram para esse aumento de preços foram: recreação (5,12%) e serviços pessoais (0,46%). O grupo vestuário também registrou alta de 0,41% em função do aumento de preço nos seguintes itens: tecidos e armarinho (2,74%), calçados e acessórios (1,39%) e roupa infantil (0,77%).

População sente os efeitos no bolso
A secretária-executiva Uiara Tinoco tem notado a alta nos preços dos alimentos. Para tentar driblar a carestia, ela adota algumas estratégias. “Cada dia que passa tá mais alto, eu venho aqui e pego só no dia da promoção. O produto que noto que mais aumentou foi o café e hoje tá em um preço ótimo aqui. Carne vermelha eu cortei, não 100%, mas diminuí, compro sempre que vejo uma promoção”, disse a consumidora.

A contadora Clara Araújo também passou a adotar estratégias para economizar: “Estão aumentando os preços, principalmente frango e carne. Eu procuro promoções nos encartes da internet”, disse.

Já Cláudio Silva, técnico de enfermagem, afirma que tem evitado gastos supérfluos. “Eu tenho percebido o aumento. Nunca precisei cortar nenhum produto, porque trabalho e convivo com uma pessoa que dividimos para comprar tudo que a gente precisa. Mas evito sair para beber, festa, essas coisas”, disse.

Segundo o economista Ricardo Valério, embora o valor agregado da cesta básica ainda esteja elevado em relação ao acumulado anual, a variação tem se mostrado mais estável desde maio, com alguns preços recuando. “Há uma tendência muito boa de que os preços continuem declinando gradativamente, inclusive da cesta básica e da nossa própria inflação. Um índice que pode ainda variar e pesar para a inflação é o aumento da tarifa de energia, com a bandeira vermelha patamar 2 agora em agosto. Isso influencia diretamente os custos de produção e, consequentemente, o preço dos alimentos. Mas acreditamos que, até outubro ou novembro, com a recuperação dos reservatórios, o governo possa reduzir para bandeira verde ou amarela, o que ajudaria a baixar ainda mais os preços”, pondera.

 

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