O preço da cesta básica na capital potiguar subiu em
julho, registrando uma variação positiva de 0,04% em relação ao mês anterior e
atingindo um custo mensal por pessoa de R$ 615,39, segundo dados do Instituto
de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema
RN), calculados pela Coordenadoria de Estudos Socioeconômicos (CES). O
levantamento aponta ainda que o índice relativo a julho reverteu uma deflação
de 1,82% registrada no mês anterior.
Dos 13 produtos que compõem a cesta básica e foram
analisados no mês passado, seis apresentaram alta, com destaque para frutas
(6,48%), leite (5,19%) e óleo (4,87%). Também subiram os preços dos legumes
(2,75%), tubérculos (1,70%) e carne bovina (0,32%). Por outro lado, sete itens
registraram queda, com destaque para o arroz (-13,56%), seguido por farinha
(-4,93%), açúcar (-4,68%), pão (-3,02%), café (-2,25%), margarina (-2,09%) e
feijão (-0,04%).
De acordo com Azaias Bezerra, secretário-executivo e
chefe da equipe coletora de dados do Idema, essas variações são influenciadas
principalmente pelo clima e pela entressafra. “A variação dos preços depende
muito do clima e das chamadas entressafras. Por exemplo, a época do caju, a
época da manga. Quando tem muita oferta, o preço cai; quando está em escassez,
o preço sobe. A produção diminui e aí o mercado aproveita pra aumentar”,
afirma.
Bezerra também comentou a redução no preço do café,
que vinha se mantendo elevado: “O café ficou alto por muito tempo, R$ 18 o
pacote de 250g. Só recentemente começou a cair, chegando a R$ 14. Quando o
mercado sente que vai chegar mais, os preços começam a ceder”, explica.
Ainda de acordo com o chefe da equipe de dados do
Idema, a queda no preço do açúcar foi reflexo da alta produção em estados
produtores do Nordeste. “O açúcar chegou a custar R$ 4,80, até R$ 4,50, mas
esta semana já encontrei por R$ 3,30. Essa queda é reflexo da grande produção
em estados como Pernambuco, que têm forte cultivo de cana-de-açúcar”, sublinha.
Ainda segundo o levantamento do Idema, considerando
uma família de quatro pessoas, o custo total com a cesta básica — estimado em
R$ 615,39 por pessoa — chega a R$ 2.461,56 no mês. Ao somar esse valor a outras
despesas essenciais, como vestuário, gastos pessoais e transporte, o total
mensal pode atingir R$ 7.590,52.
O levantamento é realizado dia sim, dia não por uma
equipe de oito pesquisadores que monitora mensalmente o comportamento dos
preços, o que serve de referência para o acompanhamento do custo de vida na
capital.
IPC
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da capital potiguar teve alta de 0,29%
em julho na comparação com o mês anterior. Com isso, a variação acumulada no
ano ficou em 2,78% e, nos últimos 12 meses (agosto/2024 a julho/2025), chegou a
5,14%.
O grupo alimentação e bebidas, que responde por
32,43% do orçamento familiar, apresentou avanço de 0,32% no mês. Entre os itens
que mais contribuíram para o aumento estão hortaliças e verduras (10,04%),
frutas (5,67%), farinhas, féculas e massas (2,58%), carnes (1,72%), enlatados e
conservas (1,42%) e aves e ovos (0,82%).
Já o grupo despesas pessoais apresentou uma variação
positiva de 3,26%. Os itens que mais contribuíram para esse aumento de preços
foram: recreação (5,12%) e serviços pessoais (0,46%). O grupo vestuário também
registrou alta de 0,41% em função do aumento de preço nos seguintes itens:
tecidos e armarinho (2,74%), calçados e acessórios (1,39%) e roupa infantil
(0,77%).
População sente os efeitos no bolso
A
secretária-executiva Uiara Tinoco tem notado a alta nos preços dos alimentos.
Para tentar driblar a carestia, ela adota algumas estratégias. “Cada dia que
passa tá mais alto, eu venho aqui e pego só no dia da promoção. O produto que
noto que mais aumentou foi o café e hoje tá em um preço ótimo aqui. Carne
vermelha eu cortei, não 100%, mas diminuí, compro sempre que vejo uma
promoção”, disse a consumidora.
A contadora Clara Araújo também passou a adotar
estratégias para economizar: “Estão aumentando os preços, principalmente frango
e carne. Eu procuro promoções nos encartes da internet”, disse.
Já Cláudio Silva, técnico de enfermagem, afirma que
tem evitado gastos supérfluos. “Eu tenho percebido o aumento. Nunca precisei
cortar nenhum produto, porque trabalho e convivo com uma pessoa que dividimos
para comprar tudo que a gente precisa. Mas evito sair para beber, festa, essas
coisas”, disse.
Segundo o economista Ricardo Valério, embora o valor
agregado da cesta básica ainda esteja elevado em relação ao acumulado anual, a
variação tem se mostrado mais estável desde maio, com alguns preços recuando.
“Há uma tendência muito boa de que os preços continuem declinando
gradativamente, inclusive da cesta básica e da nossa própria inflação. Um
índice que pode ainda variar e pesar para a inflação é o aumento da tarifa de
energia, com a bandeira vermelha patamar 2 agora em agosto. Isso influencia
diretamente os custos de produção e, consequentemente, o preço dos alimentos.
Mas acreditamos que, até outubro ou novembro, com a recuperação dos
reservatórios, o governo possa reduzir para bandeira verde ou amarela, o que
ajudaria a baixar ainda mais os preços”, pondera.
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