A Força Aérea Brasileira
enfrenta a maior crise dos últimos anos. O bloqueio de R$ 812 milhões do
orçamento da Aeronáutica, dentro de um contingenciamento de R$ 2,6 bilhões no
Ministério da Defesa, provocou a paralisação de 40 aeronaves e afastou 137
pilotos que não conseguiram cumprir as horas mínimas exigidas para manter a
habilitação em dia. A gravidade é tanta que o próprio comandante da
Aeronáutica, tenente-brigadeiro Marcelo Damasceno, precisou abandonar os
tradicionais voos oficiais em aeronaves militares e passou a viajar em aviões
comerciais, algo inédito na história recente da instituição.
Sem jatos à disposição,
Damasceno embarcou em companhias aéreas para compromissos dentro e fora do
Brasil, como viagens à Argentina, Colômbia e também a cidades como Recife,
Salvador e Belo Horizonte. Em um desses deslocamentos, o bilhete aéreo custou
mais de R$ 5 mil, um valor simbólico diante do que representa a perda de
autonomia do comandante da FAB, que deveria contar com estrutura própria para
exercer sua função.
A falta de recursos
obrigou a Aeronáutica a reduzir atividades em diversas bases aéreas, que
passaram a funcionar apenas em meio expediente. Reuniões que antes eram
realizadas presencialmente passaram a acontecer por videoconferência e missões
consideradas não prioritárias foram canceladas.
O corte orçamentário
afetou diretamente a rotina da tropa, abalou a moral dos militares e expôs uma
contradição gritante: enquanto a FAB se vê obrigada a cortar operações e deixar
pilotos em terra, autoridades civis continuam utilizando aeronaves da Força
para deslocamentos de rotina.
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