Embora ainda resista a um telefonema para Donald
Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido aconselhado a mudar
de ideia e entrar diretamente nas negociações sobre as tarifas de 50%
impostas ao Brasil, que começam a valer na sexta-feira (1º). As
informações são da jornalista Tainá Falcão, da CNN Brasil.
O canal ainda interditado de diálogo entre
Brasília e Washington tem feito mais interlocutores diretos de Lula a
defender, nos últimos dias, que o petista faça um gesto e procure Trump.
Uma pré-condição é que o americano atenda o
telefonema e não aborde questões judiciais, focando uma negociação comercial.
Fontes no Palácio do Planalto e no Itamaraty afirmam
que conversas de bastidores têm sido feitas para dar certeza a Lula de que isso
ocorreria.
Auxiliares do presidente estão convencidos de que um
telefonema seria menos danoso do que uma conversa, pessoalmente, o que
colocaria o presidente em risco e denotaria uma posição de subserviência a
Trump.
Nos Estados Unidos, o chanceler brasileiro, Mauro
Vieira, ainda espera uma sinalização da Casa Branca antes de retornar ao
Brasil. Até agora, ouviu de integrantes do governo que as negociações dependem
apenas de Trump.
O presidente não telefonou nem esteve com
Trump desde que o americano assumiu o mandato pela terceira vez, em
janeiro, o que estimula críticas de opositores sobre a condução das negociações
e dúvidas entre governistas que passam a identificar o bloqueio de Trump sobre
as negociações como uma forma de forçar o presidente a procura-lo diretamente.
Ao defender Lula, aliados costumam recordar que o
presidente reconheceu a vitória de Trump imediatamente após o resultado. Na
época, o presidente publicou nas redes sociais que a democracia “é a voz do
povo” e precisa ser “sempre respeitada”.
Lula chegou a enviar uma carta à Casa Branca e
não foi respondido. Nem mesmo o chanceler Mauro Vieira recebeu retorno de um
documento enviado ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio. Uma
conversa chegou a ser ensaiada no G7, mas o presidente americano saiu às
pressas da conferência diante do conflito entre Irã e Israel.
Antes mesmo da posse, em novembro do ano passado,
a CNN informou que o o presidente avaliava telefonar para
o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, mas descartava visitá-lo
em Washington. O governo justificou dificuldade de agenda entre os líderes.
O gesto de Lula seria um contraponto à postura do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que demorou mais de um mês para
reconhecer e cumprimentar publicamente Joe Biden quando ele venceu as
eleições americanas de 2020. Assim como já havia feito com Biden, Lula declarou
preferência pela vice-presidente Kamala Harris, candidata do Partido Democrata.
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