sexta-feira, 25 de julho de 2025

Reunião pode definir exportação do camarão do RN para o mercado chinês

 


Um dos líderes na produção de camarão no Brasil, o Rio Grande do Norte está perto de iniciar o envio do pescado para um dos maiores países consumidores do mundo: a China. Segundo informações de interlocutores do setor produtivo e do Governo do Estado, uma reunião que deve ocorrer até meados de agosto, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) pode bater o martelo sobre a autorização para o camarão potiguar entrar na China ainda este ano. Atualmente, apenas o melão do RN e a uva de Pernambuco são produtos autorizados a entrar no país, conhecido por rígidos protocolos fitosanitários.

Segundo o secretário-adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec), Hugo Fonseca, o processo para envio do camarão potiguar e de itens da piscicultura e aquacultura para a China, além da melancia, foi iniciado no começo de 2024, com o RN tendo que se adequar a uma série de protocolos e garantias do país chinês. O último passo é o envio desse documento à China, que avaliará e dará o veredicto sobre a autorização ou não da ida dos produtos potiguares ao país asiático.

“Estamos correndo atrás com o Governo Chinês e o Ministério da Agricultura para liberação desses procedimentos das barreiras fitossanitárias para termos autorização de exportar e as empresas potiguares criarem a cultura de exportação”, explica Hugo Fonseca. A perspectiva é iniciar as exportações ainda em 2025.

“Temos outra parte da vertente, que é capacitar os produtores do RN para a exportação, de acordo com as regras do Governo Chinês. Cada mercado tem sua própria exigência. Temos um trabalho de capacitação junto a outras entidades que precisaremos fazer, como Apex Brasil, o Sebrae e outros atores, para capacitar essas empresas”, acrescenta.

Na semana passada, a relação entre o RN e a China ganhou novo impulso com a instalação da Frente Parlamentar de Cooperação Econômica RN–China, formalizada na última sexta-feira (18), na Assembleia Legislativa. Com representantes do setor produtivo, autoridades públicas e empresários com atuação internacional, a cerimônia marcou o início de um novo ciclo de aproximação política e econômica entre o estado potiguar e a maior economia da Ásia.

Desafios

Atualmente, o Rio Grande do Norte ocupa a 2ª posição entre os estados produtores de camarão. Dados da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) e do IBGE registraram que a produção potiguar atingiu 24,7 milhões de quilos de camarão. Os dados são referentes ao ano de 2023. O Ceará é o líder nacional, com 72 milhões de quilos.

O presidente da Associação Norteriograndense de Criadores de Camarão (ANCC), Orígenes Monte Neto, aponta que a ida do camarão potiguar à China é uma questão positiva, mas que ainda carece de uma série de desafios a serem cumpridos, como viabilização de rotas, capacitação e mesas de negociação com importadores. O RN emprega cerca de 30 mil pessoas na carcinicultura.

“Que é benéfico, sem dúvida será. Ocorre que o Governo Chinês não autoriza a exportação da espécie que cultivamos, que é o camarão P. Vannamei, oriundo de carcinicultura, sendo apenas autorizado o extrativista, mas não ocorre porque esse camarão não é do Pacífico, é do Atlântico. Essa luta estamos há muitos anos travando para autorizar, e ultimamente houve uma autorização do Vannamei de captura; acredito que tenha sido um engano, pois não há esse camarão de captura no Brasil. Está se tentando, via Ministério da Agricultura, uma reformulação dessa identificação para poder liberar o camarão brasileiro para ser exportado”, comenta.

Ainda segundo Orígenes, a China é um dos maiores compradores de camarão do mundo. “É um assunto eminentemente político e o momento está bom para ser resolvido. Caso seja autorizado, vamos ter uma abertura para disputar o mercado que é o maior comprador de camarão do mundo. Vai ser algo que vai facilitar o escoamento da produção nacional”, complementa.

Importadores chineses visitam o RN em agosto

Autorizado pela China para enviar melão potiguar para a Ásia desde 2020, o Rio Grande do Norte tenta articular uma rota e uma rotina de compra com importadores para ampliar as cargas para o país chinês. Até agora, foram apenas 100 toneladas de melão para a China em envios experimentais, segundo informações do Comitê Executivo de Fruticultura do RN (Coex-RN). A título de exemplo, o RN envia anualmente 17,5 mil contêineres de frutas para a Europa.

“A ideia nossa é unir volumes de uva [de Petrolina] com melão e termos como provocar as companhias marítimas para fecharem uma linha dedicada e que saia da nossa região e vá para a China num menor tempo possível, tornando esse processo viável. Hoje o que temos de logística é de Santos para a China, com 50 dias, com a fruta chegando numa qualidade inviável”, explica Fábio Queiroga.

Em agosto, importadores chineses visitarão fazendas no Rio Grande do Norte para conhecer o melão potiguar e tentar articular junto a produtores potiguares uma rota para escoamento da fruta. A visita fará parte da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (Expofruit), que ocorrerá em Mossoró.

 

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