A Procuradoria-Geral da República deve entregar, até
esta segunda-feira (14), as chamadas alegações finais na ação penal contra o
“núcleo crucial” do que considera uma organização criminosa que atuou em uma
suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
O caso tem o ex-presidente Jair Bolsonaro como um
dos réus. O documento resume o processo e traz a posição do Ministério Público
Federal. Depois desta etapa, serão abertos prazos para que os oito réus no
processo apresentem seus entendimentos.
No fim de junho, o ministro Alexandre de
Moraes determinou a abertura de prazo para a apresentação dos documentos.
A fase de alegações finais é a última etapa antes do julgamento que vai decidir
se o grupo deve ser acusado ou absolvido.
A ação investiga a conduta de oito acusados – entre
eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Compõem este núcleo, além de Bolsonaro:
- Alexandre
Ramagem, ex-diretor da Abin;
- Almir
Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson
Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto
Heleno, ex-ministro do GSI;
- Mauro
Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
- Paulo
Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter
Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.
Eles respondem por cinco crimes:
- tentativa
de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- tentativa
de golpe de Estado;
- participação
em organização criminosa armada;
- dano
qualificado; e
- deterioração
de patrimônio tombado.
Alegações finais
As alegações finais são a última oportunidade antes
do julgamento para que acusação e a defesa apresentem argumentos, analisem
provas e fatos apresentados durante a instrução processual.
As partes entregam ao Supremo suas informações por
escrito, em memoriais. Nos documentos, eles resumem o andamento do processo e
reforçam seus argumentos pela absolvição ou condenação, tendo como base as
provas que foram produzidas ao longo da tramitação da ação.
São as últimas considerações antes do julgamento. Os
documentos são analisados pelos ministros da Primeira Turma. No entanto, não
são pronunciamentos que precisam ser obrigatoriamente seguidos: os ministros
avaliam o caso de forma independente, apreciando as provas produzidas no
processo como um todo.
O prazo é 15 dias e é contado de forma sucessiva:
começou com a Procuradoria-Geral da República.
Na sequência, a defesa do tenente-coronel Mauro Cid
terá outros 15 dias para se manifestar (por ter fechado acordo de colaboração
no âmbito do processo, deve apresentar suas alegações antes dos demais réus).
Depois, as defesas dos demais acusados terão prazo conjunto de 15 dias.
Como há réu preso – o general Braga Netto – os
prazos correm mesmo durante o recesso do Judiciário, de 2 a 31 de julho.
Fases do processo
A denúncia da Procuradoria-Geral da República contra
o “núcleo crucial” foi apresentada em fevereiro deste ano.
Em março, ao admitir a acusação, a Primeira Turma do
Supremo Tribunal Federal permitiu a abertura da ação penal contra o grupo.
O processo passou pela fase de instrução – coleta de
provas e depoimentos em abril, maio e junho. Também foram feitas acareações,
como diligências adicionais.
Próximos passos
Encerrados os prazos de alegações, a ação estará
apta a ser levada a julgamento na Primeira Turma da Corte, em data ainda a ser
marcada no segundo semestre.
Esta deliberação vai definir se o grupo será
condenado ou absolvido.
O colegiado julga por maioria, analisando a situação
de cada acusado. Pode seguir por dois caminhos:
- absolvição,
se os ministros entenderem que não houve crime ou o grupo não é o autor,
por exemplo; neste caso, o processo é arquivado e não há punição.
- condenação,
se os magistrados concluírem que o grupo cometeu os crimes apontados pela
PGR; neste caso, eles apresentam propostas de cálculo da pena, a partir de
cada situação individual.
Nas duas circunstâncias, acusação e defesas podem
recorrer da decisão ao próprio STF.
g1
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