Tapete vermelho para os brucutus
Enquanto os vândalos do MST invadem sedes do Incra,
Lula os recebe no Palácio do Planalto
No mesmo dia em que a cúpula do Movimento dos
Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) visitava o presidente Lula da Silva no
Palácio do Planalto, muitos dos seus integrantes se espalhavam pelo Brasil para
executar aquilo em que se especializaram: vandalismo. A pretexto de forçar o
mesmo governo que lhe beija a mão a fazer a reforma agrária, os baderneiros
ocuparam as sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra) em 21 Estados e no Distrito Federal. Foram 17 mil sem-terra
mobilizados, segundo o movimento, protestando – vamos chamar assim – por
ocasião da chamada Semana Camponesa.
É o método de sempre. De um lado, a convicção,
herdada de longa data, de que a desordem e a força bruta constituem o melhor
instrumento para reivindicar direitos. De outro, a audácia de quem se sente
protegido pelo presidente-companheiro ao cometer crimes em série em nomes de
uma certa “justiça social”. Há décadas, Lula demonstra apoio – ora tácito, ora
explícito – à truculência do MST, que costuma cobrar respeito pelos seus
direitos enquanto atropela os direitos alheios.
Ainda que, vez ou outra, o petista peça moderação a
quem nunca foi moderado, sua tibieza facilita a delinquência disfarçada de ação
política. Se já seria grave Lula agir assim na condição de líder oposicionista,
passa a ser afronta como presidente da República, papel que lhe deveria exigir
o mais pleno respeito às leis e à convivência democrática no campo e nas
cidades. O convescote no Palácio, no mesmo dia das invasões, torna mais
vergonhoso esse casamento.
Mas isso não é tudo. Chama a atenção a providencial
adequação do discurso à conveniência das circunstâncias. Dois dias antes, o
movimento divulgou uma carta aberta na qual não só cobrava avanços na reforma
agrária como dizia que “soberania nacional só é possível com soberania
alimentar”, fazendo alusão evidente à campanha que Lula e o PT encampam em
defesa da soberania do Brasil após o tarifaço do presidente dos EUA, Donald
Trump.
É a marotagem de quem sabe que a bandeira da reforma
agrária faz cada vez menos sentido em um país que é hoje uma das maiores
potências agrícolas do planeta. Já foi o tempo em que o MST invadia
“latifúndios improdutivos”, nome habitualmente usado para qualificar qualquer
fazenda que ocupa. O jeito é procurar outra clientela, conforme o momento e a
oportunidade: anos atrás, por exemplo, durante o governo de Michel Temer, além
da questão fundiária, o MST passou a reivindicar outras pautas, como o combate
ao desemprego e à corrupção – não a corrupção do PT, claro, já que seus líderes
permaneceram mudos enquanto denúncias contra os governos petistas jorravam pelo
Brasil.
Em resposta ao MST, o Ministério do Desenvolvimento
Agrário argumentou que o País “retomou o ritmo dos dois primeiros governos do
presidente Lula”, citando mais de 13 mil novos lotes para assentamentos. Não é
de hoje que líderes do movimento se queixam do trabalho do ministro Paulo
Teixeira. Seria louvável constatar que Lula apenas os ignora, ou finge
ignorá-los. O problema é que o petista também se omite diante da ação, dos
métodos e dos argumentos exibidos por esse grupelho liberticida.
Opinião do Estadão
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