Petrobras cada vez mais petista
Plano de voltar à distribuição é amontoado de erros
da Petrobras que mira controle de preços
A intenção da Petrobras de voltar à distribuição de
combustíveis a partir do zero, investindo na criação de uma nova subsidiária,
para fazer os preços dos postos de revenda espelharem com exatidão as oscilações
promovidas em suas refinarias, é um aglomerado de erros. Vai contra o conceito
de abertura de mercado que norteou a quebra do monopólio do petróleo, em 1997,
e contra noções comerciais elementares de investimento e retorno, além de
querer transformar a empresa em administradora de preços que desde o início dos
anos 2000 deixaram de ser fixados pelo governo.
O retorno da companhia ao segmento de distribuição
de gasolina e diesel – do qual se retirou depois da venda da BR Distribuidora,
atual Vibra, concluída em 2021 – vem sendo cogitado desde o começo da atual
gestão de Lula da Silva, em 2023. De início, a alternativa tida como a mais
provável era a de reaver o controle da Vibra, tarefa complicada numa empresa
que passou a ter o controle pulverizado, na qual os maiores acionistas não
chegam a ter 10% de participação acionária.
O aumento da participação acionária da Previ (dos
funcionários do Banco do Brasil) na Vibra em 2024 alimentou rumores de que
seria o fundo de pensão o veículo de pressão do governo para que a Petrobras
retomasse as rédeas na distribuidora. A Previ conseguiu o direito de indicar
dois conselheiros de administração na empresa, mas passou a ser investigada
pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que apura se o investimento contribuiu
para o déficit bilionário do ano passado no principal plano de benefícios da entidade.
Lula da Silva nunca escondeu o descontentamento
sobre a privatização da BR e o desejo de que a Petrobras retome a distribuidora
e as refinarias que vendeu e retorne à petroquímica. Assume um discurso de
retrocesso monopolista que, mesmo parecendo inviável, colabora para o aumento
da percepção de risco da companhia. Tudo isso é parte do vale-tudo do
lulopetismo para reaver a influência estatal em algumas das maiores empresas
brasileiras, o que inclui empresas privatizadas, como Eletrobras e Vale.
De acordo com reportagem do Estadão, o Conselho de
Administração da Petrobras deve avaliar a inclusão da volta ao setor de
distribuição no Plano de Negócios 2026-2030, em elaboração. A ideia – de jerico
– é investir num projeto totalmente novo (greenfield), inclusive porque a marca
BR Distribuidora permanece arrendada até 2029. Parece uma fórmula que já nasce
fadada ao prejuízo e qualquer comparação com o déficit do investimento da Previ
pode não ser apenas uma coincidência. Decisões de negócios movidas pela busca
de poder político nada têm de estratégicas, ao menos não do ponto de vista
comercial.
Lula da Silva, ao lado da presidente da Petrobras,
Magda Chambriard, reclamou com veemência por não ter identificado nos postos de
combustíveis a redução de 5,6% no preço da gasolina que a companhia promoveu em
suas refinarias em junho. A queixa não parece dissociada da medida agora em
avaliação e o motivo implícito é o controle de preços. Um desastre.
Opinião do Estadão
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