Marcelo Spyrides Cunha, empresário conhecido no
varejo potiguar e ligado à marca Schalk, virou o principal alvo da Operação
Amicis, deflagrada pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte. O que parecia ser
uma rede de lojas de roupas era, segundo o Ministério Público, uma organização
criminosa milionária, que usava laranjas, empresas de fachada, factoring de
mentira e cheques sem fundo para lavar dinheiro e aplicar golpes no sistema
financeiro.
A coisa era profissional. João Eduardo (conhecido
como Duda) usava o nome de pessoas humildes, de cidades do interior como Bom
Jesus e Macaíba, para abrir empresas fantasmas. Com isso, fazia empréstimos e
financiamentos milionários, especialmente de veículos caros como caminhões,
ônibus e carros de luxo. Só que o pagamento nunca vinha. O banco cobrava, e
ninguém encontrava os donos, porque eram laranjas, sem bens, sem endereço fixo,
sem como pagar. Marcelo usufruía do esquema.
A Operação Amicis, conduzida pelas delegacias
especializadas da DEICOT e DRLD, revelou que só na casa de Marcelo foram
apreendidos 596 cheques, somando mais de R$ 4 milhões, com indícios de fraude,
falsificação e devoluções por falta de fundos.
O esquema também envolvia uma factoting,
empresa usada por Marcelo para simular negócios que nunca aconteceram. Ele
próprio emitia notas e boletos em nome de empresas do seu grupo, para
justificar entrada de dinheiro sujo como se fosse pagamento legítimo.
Os crimes atribuídos a Marcelo incluem:
•Lavagem de dinheiro
•Falsidade ideológica
•Associação criminosa
•Fraude tributária
•Sonegação fiscal
•Gestão fraudulenta de empresa
•Uso de laranjas para ocultar patrimônio
A Polícia descobriu ainda que até a própria
esposa de Marcelo, Ana Paula, aparecia como beneficiária de transferências
ilegais. Amigos íntimos, como Afrânio Caldas, agiota, também estavam na lista
de cúmplices. Em comum, todos tinham empresas transferidas para seus nomes para
disfarçar o verdadeiro dono: Marcelo.
Mesmo já tendo sido alvo da Operação Braço
Direito em 2024, o empresário continuou com as mesmas práticas criminosas. O
Ministério Público, então, pediu prisão preventiva, afirmando que ele não
respeita a lei e representa perigo à ordem pública.
Nas redes sociais, ex-franqueados da Schalk
relataram que foram enganados por Marcelo, que vendia mercadorias sem nota
fiscal, fazia concorrência desleal e ainda controlava remotamente o sistema de
todas as lojas. “Ele sabia tudo, até quantas camisas a gente vendia. E depois
armava para tomar a loja da gente”, afirmou um dos ex-sócios.
Agora, com a Operação Amicis, o cerco se
fecha. Resta saber se o “rei do cheque voador” vai enfim pousar na cadeia — ou
se vai continuar dando prejuízo de jatinho, enquanto o povo paga a conta.
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