quarta-feira, 16 de julho de 2025

“O rei do cheque voador”: Marcelo Spyrides e o rombo de R$ 100 milhões no RN

 


Marcelo Spyrides Cunha, empresário conhecido no varejo potiguar e ligado à marca Schalk, virou o principal alvo da Operação Amicis, deflagrada pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte. O que parecia ser uma rede de lojas de roupas era, segundo o Ministério Público, uma organização criminosa milionária, que usava laranjas, empresas de fachada, factoring de mentira e cheques sem fundo para lavar dinheiro e aplicar golpes no sistema financeiro.

 A coisa era profissional. João Eduardo (conhecido como Duda) usava o nome de pessoas humildes, de cidades do interior como Bom Jesus e Macaíba, para abrir empresas fantasmas. Com isso, fazia empréstimos e financiamentos milionários, especialmente de veículos caros como caminhões, ônibus e carros de luxo. Só que o pagamento nunca vinha. O banco cobrava, e ninguém encontrava os donos, porque eram laranjas, sem bens, sem endereço fixo, sem como pagar. Marcelo usufruía do esquema. 

 A Operação Amicis, conduzida pelas delegacias especializadas da DEICOT e DRLD, revelou que só na casa de Marcelo foram apreendidos 596 cheques, somando mais de R$ 4 milhões, com indícios de fraude, falsificação e devoluções por falta de fundos.

 O esquema também envolvia uma factoting, empresa usada por Marcelo para simular negócios que nunca aconteceram. Ele próprio emitia notas e boletos em nome de empresas do seu grupo, para justificar entrada de dinheiro sujo como se fosse pagamento legítimo.

 Os crimes atribuídos a Marcelo incluem:

•Lavagem de dinheiro

•Falsidade ideológica

•Associação criminosa

•Fraude tributária

•Sonegação fiscal

•Gestão fraudulenta de empresa

•Uso de laranjas para ocultar patrimônio

 A Polícia descobriu ainda que até a própria esposa de Marcelo, Ana Paula, aparecia como beneficiária de transferências ilegais. Amigos íntimos, como Afrânio Caldas, agiota, também estavam na lista de cúmplices. Em comum, todos tinham empresas transferidas para seus nomes para disfarçar o verdadeiro dono: Marcelo.

 Mesmo já tendo sido alvo da Operação Braço Direito em 2024, o empresário continuou com as mesmas práticas criminosas. O Ministério Público, então, pediu prisão preventiva, afirmando que ele não respeita a lei e representa perigo à ordem pública.

 Nas redes sociais, ex-franqueados da Schalk relataram que foram enganados por Marcelo, que vendia mercadorias sem nota fiscal, fazia concorrência desleal e ainda controlava remotamente o sistema de todas as lojas. “Ele sabia tudo, até quantas camisas a gente vendia. E depois armava para tomar a loja da gente”, afirmou um dos ex-sócios.

 Agora, com a Operação Amicis, o cerco se fecha. Resta saber se o “rei do cheque voador” vai enfim pousar na cadeia — ou se vai continuar dando prejuízo de jatinho, enquanto o povo paga a conta.

 Blog do Gustavo Negreiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário

VÍDEO: CGU identifica rombo de R$ 4,3 bilhões no Ministério da Educação

  Irregularidades no balanço do Ministério da Educação (MEC) vieram à tona depois que a Controladoria-Geral da União (CGU)identificou incons...