A Justiça determinou nesta quinta-feira (3) que seja
apurada a situação das licenças e das autorizações de funcionamento de
duas unidades de saúde envolvidas na realização do
mutirão de cirurgias de catarata em Parelhas,
na Região Seridó do Rio Grande do Norte.
O mutirão foi realizado pelo município - em parceria
com uma empresa de saúde ocular - nos dias 27 e 28 de setembro de 2024,
faltando pouco mais de uma semana para as eleições municipais. Ao todo, 15 dos
20 pacientes que fizeram a cirurgia no primeiro dia sofreram uma infecção
bacteriana - e 10
deles perderam o olho afetado.
A decisão da Justiça é para:
- a
Subcoordenadoria da Vigilância Sanitária do RN (SUVISA/RN) informar, no
prazo de dez dias, qual era a situação das licenças e das autorizações de
funcionamento do centro cirúrgico da Maternidade Dr. Graciliano Lordão,
onde ocorreu o mutirão, nos dias das cirurgias;
- a
Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa/PE) prestar
informações sobre a regularidade da empresa envolvida no mutirão, que tem
sede em Goiana
(PE).
A Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio
Grande do Norte (Sesap) informou que todas as informações foram encaminhadas
pela Vigilância Sanitária no relatório resultante da apuração aberta, e que o
documento foi encaminhado ao Ministério Público.
A prefeitura de Parelhas e a Agência de Vigilância
Sanitária de Pernambuco não retornaram aos contatos da Inter TV Cabugi.
A Justiça também determinou que a prefeitura de
Parelhas deve diligenciar junto à empresa que realizou o mutirão para que sejam
obtidos os documentos médicos dos pacientes, sob pena de preclusão da prova, ou
seja, a perda do direito de apresentar uma prova. A ação segue tramitação na
unidade judicial até uma sentença de mérito.
A decisão judicial foi proferida após uma ação
indenizatória movida por um dos pacientes submetidos à cirurgia durante o
mutirão. De acordo com autos do processo, o autor da ação relata complicações
pós-operatórias, inclusive infecção grave no olho operado, conhecida como
endoftalmite.
Após o caso, a
prefeitura chegou a oferecer indenizações no valor de R$ 50 mil os pacientes,
mas o valor havia sido negado por alguns deles, que seguiam com processos
judiciais.
Problemas em higienização e
esterelização
Uma investigação da Sesap, realizada após o caso, no
ano passado, apontou que a infecção bacteriana teve
indícios de ter sido causada por contaminação em procedimentos como
higienização e esterilização.
Os problemas de procedimento apontados na
investigação, segundo a pasta, são relacionados à esterilização de equipamentos
e higienização dos profissionais e do ambiente, por exemplo.
Os pacientes apresentaram sintomas de endoftalmite,
infecção no interior do olho causada por bactéria e que geralmente leva a perda
de visão.
A bactéria responsável pelas infecções, a Enterobacter
cloacae, comumente é encontrada no trato intestinal das pessoas.
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