A Newswires noticiou nesta quarta-feira (16) que a
Heineken aumentou seus preços no Brasil em uma média de 6% em todo o seu
portfólio, marcando o primeiro aumento de preços desde abril de 2024. Isso
ocorre após o aumento de preços da Ambev (ABEV3) ocorrido no início deste ano,
após o Carnaval.
O Bradesco BBI questiona se este pode ser um ponto
de inflexão para as ações da Ambev.
“Houve rumores nas últimas semanas sobre o aumento
de preços da Heineken, mas ainda vemos a leitura inicial da Ambev como
positiva. No fim do dia, isso sinaliza um ambiente de preços mais racional para
a cerveja brasileira, pelo menos no curto prazo. O aumento mais amplo da
inflação de cerveja no setor após os aumentos da Ambev no início deste ano
reforça essa visão”, avaliam Henrique Brustolin e Pedro Fontana, analistas que
assinam o relatório. As ações subiam 1,73%, a R$ 13,50, às 12h (horário de
Brasília) nesta quarta.
A questão-chave, no entanto, é se isso marca uma
mudança estrutural na dinâmica competitiva — e ainda não acreditam que isso
aconteça.
Os analistas apontam que a Heineken nunca foi a
empresa mais agressiva em termos de preços e a empresa passou mais de um ano
sem realizar um ajuste de preços. Assim, acreditam que sua ambição de aumentar
volumes e participação de mercado permanece intacta, e agora está cada vez mais
focada em lidar com o lucro dominante da Ambev no segmento mainstream —
especialmente com a inauguração de sua nova cervejaria este ano.
“Em nossa opinião, a decisão de aumentar os preços
agora também pode refletir os ganhos recentes de participação, principalmente
após a decisão da Ambev, o que ajuda a sustentar as ambições de crescimento de
volume. Além disso, o fato de a Heineken ter esperado a ação da líder de
mercado — revertendo uma tendência de vários anos — contribui para essa visão”,
avalia.
Em última análise, acredita que a trajetória
patrimonial da Ambev depende de sua capacidade de continuar recuperando
margens, o que depende de uma entrega equilibrada de preços e volumes, o que
ainda não foi visto, segundo Brustolin e Fontana.
“Os resultados do 2T25 serão fundamentais para
avaliar essa relação preço-volume, mas, dada a trajetória dos preços no ano,
manter margens estáveis na cerveja brasileira este ano ainda parece
desafiador”, apontam os analistas do Bradesco BBI.
Tudo isso ocorre em meio a sinais de desaceleração
na indústria cervejeira brasileira e a um impulso limitado das operações
internacionais da Ambev. Mesmo considerando uma margem Ebitda (lucro antes de
juros, impostos, depreciações e amortizações/receita) consolidada estável em
2025, projeta a Ambev sendo negociada a 14,5 vezes o múltiplo de P/L (preço
sobre lucro), o que só ofereceria um cenário de ações mais convincente se a
confiança no crescimento dos lucros retornasse.
O BBI mantém recomendação neutra, com preço-alvo de
R$ 12.
Já o Goldman Sachs segue com recomendação de venda
para os ativos. O banco, embora reconheça que um cenário competitivo mais
racional é claramente um fator positivo para o setor como um todo, considera
essa notícia com reservas, levando em conta que: 1. Os preços relativos ainda
favorecem a Heineken, já que o rastreador sugere que a Ambev aumentou seus
preços em média 7% em abril (e mais 2% em junho); 2. A atividade promocional
tem sido intensa, compensando parcialmente o repasse desses ajustes para o
nível da receita líquida.
Com informações de InfoMoney
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