A ex-governadora, ex-senadora e ex-prefeita de
Mossoró Rosalba Ciarlini pode ser o 2º nome do PT para o Senado na disputa
eleitoral de 2026 no Rio Grande do Norte. A ideia que vem sendo avaliada em
hostes petistas é que Rosalba se filie a um partido de centro-esquerda, como
PDT ou PSB, e faça dobradinha com a governadora Fátima Bezerra (PT). Em 2026,
serão duas vagas em disputa para o Senado.
Pessoas que conversaram recentemente com a “Rosa”
dizem que ela não descarta um possível retorno à política e que pode tentar
voltar ao cargo que ocupou de 2007 a 2010, antes de assumir o Governo do
Estado. Ela está sem mandato desde o fim de 2020, quando era prefeita de
Mossoró e perdeu a tentativa de reeleição para Allyson Bezerra.
Fontes do PT dizem que a possível formação de chapa
com Rosalba está em estágio embrionário, mas que a possibilidade é avaliada com
seriedade. Um integrante da legenda disse à reportagem, sem se identificar, que
a aliança com Rosalba “não é uma má ideia”, registrando que a ex-governadora
tem uma trajetória política vitoriosa e que apoiou o PT em 2022. Sobre o
histórico de divergências políticas, a avaliação atual é que, em Mossoró, a
maior dificuldade do PT seria em uma eventual aproximação com o prefeito
Allyson Bezerra (União), o que é considerado totalmente descartado. Neste caso,
Rosalba surge como uma opção.
Segundo interlocutores, a ideia de Fátima Bezerra é
buscar um nome que tenha condições de formar um palanque competitivo em
Mossoró, de onde Allyson Bezerra tem a perspectiva de sair com grande votação.
A governadora veria em Rosalba um nome com potencial para sustentar um discurso
na “Capital do Oeste”. Além disso, a ex-governadora é tida como um nome que
transita bem no centro e à direita, o que pode ajudar Fátima a reduzir a
rejeição ao PT neste público.
Em 2022, dois anos após deixar a Prefeitura de
Mossoró, Rosalba ensaiou disputar a eleição como candidata a deputada, mas
acabou ficando fora das chapas do PP tanto para a Assembleia Legislativa quanto
para a Câmara dos Deputados. Como resultado, sua família ficou sem mandato
relevante pela 1ª vez em décadas. Para deputado federal, ela apoiou a
candidatura à reeleição de Beto Rosado, que foi derrotado.
Foi naquela eleição que Rosalba se aproximou mais do
PT, após anos de rivalidade com o partido. Na reta final da campanha, ela
declarou apoio à reeleição da governadora Fátima Bezerra, embora a maior parte
de seu partido, o PP, estivesse na oposição.
“Ela recuperou o Estado, pagou quatro folhas
salariais deixadas pelo governo anterior e fez o dever de casa. Agora está
pronta para avançar as ações de desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, disse
Rosalba ao jornal De Fato em setembro de 2022.
Agora em 2025, Rosalba voltou ao radar do PT depois
que o partido dela, o PP, intensificou a aproximação com Allyson Bezerra, que é
virtual candidato ao Governo do Estado. Na última semana, a presidente do PP
Mulher, Shirley Targino, assumiu a Secretaria Municipal de Assistência Social
de Mossoró. Allyson e Rosalba são adversários políticos.
Zenaide dá sinais de rompimento com PT e deve ficar
no palanque de Allyson
O nome de Rosalba surge num momento em que o PT vê
Zenaide Maia (PSD) se distanciar do grupo que ela integra desde 2018, quando
foi eleita senadora. Apesar dos apelos públicos para que permaneça no grupo
governista, a senadora tem se aproximado de Allyson Bezerra e dado sinais de que
estará na oposição em 2026.
Eleita com apoio do PT e atual vice-líder do Governo
Lula no Senado, Zenaide tem ignorado a pressão exercida nas últimas semanas
pelo entorno de Fátima Bezerra. Apesar dos apelos públicos para que permaneça
aliada do grupo petista, a senadora tem silenciado sobre o assunto.
As manifestações públicas de desejo que Zenaide siga
aliada do PT partiram de nomes como a própria Fátima Bezerra, do pré-candidato
a governador Cadu Xavier, do deputado federal Fernando Mineiro e do chefe da
Casa Civil do governo estadual, Raimundo Alves. Todos têm defendido que Zenaide
faça uma dobradinha com Fátima na disputa para o Senado.
Em comum nas falas, todos dizem que a permanência de
Zenaide no palanque da esquerda seria “coerente” com sua trajetória ou até
mesmo um “caminho natural”, como disse a governadora em uma entrevista à TCM em
maio.
Enquanto publicamente recebe os apelos para
permanecer aliada do PT, Zenaide tem preferido silenciar. Por outro lado,
acumula gestos e acenos a Allyson Bezerra. Durante o Mossoró Cidade Junina, a
senadora e o prefeito chegaram a circular de braços dados – em uma manifestação
clara de sintonia, que não é vista com Fátima Bezerra.
Interlocutores dizem que a senadora vê em Fátima sua
principal adversária em 2026 e que a manutenção da aliança com o PT seria um
suicídio político. No início desta semana, o deputado federal João Maia (PP),
irmão de Zenaide, afirmou que a disputa da senadora em 2026 é com Fátima.
Em abril, em entrevista à rádio Mix, Zenaide foi
econômica ao ser perguntada sobre a manutenção da aliança com o PT. “Está em
estudo”, disse ela.
Mas sobre Allyson, rasgou elogios. Disse que ele
seria um “excelente candidato” a governador e lembrou da parceria
administrativa entre os dois, citando o envio de emendas parlamentares que
garantiram a construção de postos de saúde na cidade.
Em um discurso alinhado ao de Allyson, Zenaide
afirmou ainda que tem parcerias políticas com prefeitos de variados espectros
ideológicos. “Tenho aliados de todos os partidos”, enfatizou.
Conselheiro político e marido da senadora, o
prefeito de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado (PSD), foi mais explícito em
uma declaração à 98 FM em maio. Elogiou Cadu Xavier, mas afirmou que considera
Allyson o “nome mais forte” para a disputa do Governo do Estado em 2026.
O próprio prefeito de Mossoró disse ter compromisso
político com Zenaide. “Temos uma profunda parceria e amizade. Zenaide tem
enviado muitos recursos para Mossoró. Grande parte das 20 obras que estamos
executando na saúde tem recursos dela”, disse. E foi direto: “Sendo candidata
ao Senado, ela terá sim a nossa posição de apoio”.
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