Com o tarifaço passando a valer a partir da próxima
semana, o Brasil pode enfrentar uma nova sanção dos Estados Unidos ainda mais
severa em até 90 dias. O motivo: a relação comercial do Brasil com a Rússia. A
tarifa poderia chegar a 500%, número 10 vezes pior do que os 50% anunciados na
quarta-feira (30). A notícia é do R7.
O indicativo do presidente norte-americano, Donald
Trump, é para pressionar a Rússia a aceitar um acordo de paz com a Ucrânia. Na
semana passada, ele ameaçou o país com uma tarifa de até 100% para as
importações russas e de aplicar sanções a países que fazem negócios com eles,
que é o caso brasileiro.
A medida faz parte do Sanctioning Russia Actof 2025,
projeto de lei bipartidário que vem ganhando força no Congresso americano. O
principal defensor da proposta, o senador republicano Lindsey Graham, foi
categórico. “Nossa legislação vai isolar a Rússia, colocando-a em uma ilha
comercial ao impor tarifas pesadas a outros países que apoiam essas
atrocidades.”
A fala não cita diretamente o Brasil, mas o recado é
claro: países que resistem a romper laços com a Rússia podem ser atingidos com
medidas econômicas ainda mais duras que as já aplicadas contra aliados
estratégicos.
Ao lado dele, o senador democrata Richard Blumenthal
reforçou o tom. “Países que continuam comprando petróleo, gás e urânio russos
estão, na prática, financiando a máquina de guerra de Putin”, declarou, ao
justificar a necessidade de sanções secundárias.
O projeto, apresentado por Graham e Blumenthal em
abril, prevê sanções primárias à Rússia e sanções secundárias a países que
mantêm negócios com ela, especialmente nas áreas de energia e minerais
estratégicos. A medida autoriza o governo americano a aplicar tarifas de até
500% sobre produtos importados de países que negociem com Moscou, num esforço
para cortar as fontes de financiamento da guerra na Ucrânia.
Com mais de 80 senadores de ambos os partidos
apoiando a proposta, o texto já tem força suficiente para superar obstáculos
legislativos no Senado, e deve ser votado nos próximos meses.
Senadores brasileiros confirmaram ameaça
A ameaça foi confirmada pela comitiva de senadores
brasileiros que estiveram em Washington nesta semana. “Tanto republicanos
quanto democratas foram firmes ao dizer que vão aprovar uma lei que vai criar
sanções automáticas para todos os países que fazem negócios com a Rússia”,
declarou o senador Carlos Viana (Podemos-MG) durante coletiva a jornalistas na
quarta-feira (30).
O Brasil tem comércio com a Rússia principalmente
envolvendo fertilizantes. O país é o maior comprador do tipo de insumo agrícola
e está em uma posição “inegociável”, segundo o líder do governo no Senado,
Jaques Wagner (PT-BA).
“Se nós vamos ser próximos, espero que não. Nós
temos um agronegócio potentíssimo e nós temos dependência, praticamente 100%,
de fertilizantes. Não tem fertilizante no anúncio classificado de nenhum
jornal. O fertilizante falta no mundo inteiro, não está sobrando”, disse.
Trump já anunciou uma tarifa de 25% sobre a Índia,
com a justificativa de ser uma espécie de “multa” devido ao comércio do país
com a Rússia.
Tarifaço
Ontem, o presidente Donald Trump oficializou, por
meio de uma ordem executiva, a tarifa de 50% anunciada por Trump no início do
mês. No entanto, 694 itens ficaram de fora da taxação. Entre os itens que não
receberão a tarifa, estão suco de laranja, aviões comerciais, combustíveis,
petróleo e minério de ferro.
Commodities brasileiras com grande fluxo comercial
para os Estados Unidos, como carne bovina, café e cacau, no entanto, não foram
incluídas nas exceções e serão taxadas em 50%.
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