Por Stephen Kanitz
Quem tem muito dinheiro, já foi embora. Quem ficou,
ficará para sempre. Os últimos a saírem ainda conseguiram um visto italiano,
português, americano. Os que zombaram da política, que votaram “no que fala
pouco”, agora vão entender o preço da omissão.
No Brasil do futuro – que já começou – você somente
obedecerá. Obedecerá calado. Pagará impostos cada vez mais pesados, aceitará
uma saúde pública em colapso, verá seus filhos estudarem em escolas sucateadas.
E ainda agradecerá, pois reclamar será crime.
Desde o fim do regime militar, único período de
crescimento sustentado, nossa renda per capita foi cortada pela metade. Dado
escondido pelo IBGE, abafado pela imprensa.
Caímos do 40º onde hoje está a Grécia, para o 81º
lugar no ranking global de renda. Sim, caímos – e acreditamos todo este tempo
estar subindo. Foram 40 anos de doutrinação. Nossos jornalistas, intelectuais e
professores venceram: conseguiram fazer o país regredir em nome de justiça
social – uma justiça que só distribui miséria.
Como ex-professor universitário, afirmo: nunca ouvi
na USP uma conversa séria sobre crescimento. Só sobre distribuição. Nunca
discutimos eficiência. Só aumento de gastos. Nunca produtividade. Só aumento de
salários do funcionalismo.
Agora, quando o Brasil se tornar verdadeiramente
inviável, Flórida e Portugal não estarão com os braços abertos para nos
receber. Estarão com os portões trancados. E com razão.
A esperança de que Tarcísio, Caiado, Jorginho ou
Ratinho, poderão mudar tudo isso sozinhos, é uma ingenuidade atroz. Como se
trocar o piloto mudasse o avião em queda.
A verdade é amarga: 1,5 milhão de brasileiros
irresponsáveis, somados aos 12 milhões que anularam o voto, colocaram no poder
um condenado em três instâncias. Mesmo que a primeira instância fosse falha, a
segunda e a terceira confirmaram e isso ainda não foi contestado.
Prepare-se.
O Brasil caminha para mais 50 anos de estagnação,
comandado por políticos e economistas que vivem do que você produz, sem
entregar nada em troca. Mas ainda há tempo para reagir. Comece se educando,
politicamente e economicamente. Exija reformas, desmascare as mentiras,
confronte o discurso único. Ensine seus filhos a pensar e não a repetir
slogans.
Denuncie o populismo, o aparelhamento, a corrupção
sistêmica. Vote com coragem, com lucidez, com memória. O futuro do Brasil não
será diferente enquanto os brasileiros forem os mesmos. Mude. Agora.
Ou se conforme em assistir o país definhar, por sua
culpa.
*Consultor de empresas, conferencista,
professor na USP, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business
School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.
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