A Operação Sem Descontos, deflagrada para investigar
fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios de aposentados e
pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), segue em andamento.
Desde o início das apurações, foram cumpridos
mandados de busca, apreensão e prisão em 13 estados e no Distrito Federal.
Especialistas ouvidos pelo site R7 avaliam que as
investigações sobre as fraudes do INSS envolvem um esquema complexo, que
demanda apurações profundas e estruturadas. No entanto, alguns deles defendem
que há uma demora no processo.
Para o criminalista Paulo Klein, a identificação do
grupo criminoso é dificultada pela necessidade de quebras de sigilo bancário e
fiscal, o que demanda autorizações judiciais e tempo.
O presidente da Abradeb (Associação Brasileira de
Defesa dos Clientes e Consumidores de Operações Financeiras e Bancárias), Raimundo
Nonato, acrescenta que os indícios mais fortes até agora tem relação com
associações de pessoas jurídicas, cujos representantes legais muitas vezes
podem ser “laranjas” dos verdadeiros articuladores do esquema.
Isso dificulta os indiciamentos e levanta questões
sobre foro competente, já que há possíveis envolvidos com prerrogativas
especiais.
“Não é um crime de baixa complexidade, pois envolve
figuras públicas e políticas, além do corpo administrativo de uma das maiores
autarquias do país. Então, existem também questões processuais de foro
competente contra essas pessoas, pois pode envolver autoridades e agentes
políticos com prerrogativas processuais diferenciadas”, destaca Nonato.
Já a advogada Lisiane Ribeiro reforça que uma das
maiores dificuldades é comprovar a ausência de consentimento da vítima, uma vez
que os descontos se escondem por trás de autorizações genéricas, muitas vezes
assinadas por engano.
Para ela, esse tipo de fraude se aproveita da
complexidade do sistema consignado e exige um esforço probatório muito maior
por parte dos órgãos responsáveis.
Falta de vontade e coragem
Lisiane Ribeiro destaca que, para o desfecho das
investigações, falta vontade política, coragem institucional e agilidade
processual.
Na opinião dela, a ausência de indiciamentos formais
até o momento pode indicar tanto um receio de atingir agentes com foro
privilegiado quanto uma possível blindagem deliberada de certos envolvidos.
“A gente tem operações robustas, como movimentações
financeiras que são incompatíveis, contratos com entidades de fachada, conexões
políticas, mas sem uma responsabilização direta aos agentes que permitiram,
intermediaram ou se beneficiaram disso dentro da máquina pública. Sem nomear e
indiciar esses elos, seguimos apenas combatendo os sintomas”, acredita a
especialista.
Contudo, ela ressalta que um desfecho é esperado.
“É importante considerar que nós estamos, sim,
diante de uma apuração e que, por mais que ainda pareça incompleta e cercada de
muitas omissões, a gente ainda vai chegar num desfecho, como é o esperado e o
natural de um procedimento investigatório”, afirma.
Já o presidente da Abradeb defende que as
investigações devem ocorrer com calma para não haver vícios processuais que
acarretem impunidade no futuro.
Com informações de R7
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