Famoso personagem do folclore brasileiro, o Curupira
é conhecido por confundir invasores da floresta e se manter sempre escondido.
Foram essas algumas das características que levaram pesquisadores da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) a
nomearem uma nova espécie de árvore encontrada na mata atlântica potiguar.
A planta permaneceu oculta à vista dos cientistas na
vegetação do Olho D'água, no campus da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), na
Grande Natal.
Apesar de ser analisada há décadas, ela era confundida com outra espécie.
A agora nomeada Eugenia curupira faz
parte da família Myrtaceae e era até então confundida com a Eugenia vernicosa.
A descoberta da nova espécie só aconteceu quando a
árvore foi encontrada em floração. Os pesquisadores perceberam que havia
diferença na forma como as flores ficavam dispostas nos ramos.
"As folhas, elas seguem um padrão oposto. Que é
o que toda Myrtaceae tem, que é a família da jabuticaba, da Pitanga, da goiaba.
As folhas são apostas e o calo é descamante. Então, isso fez com que ela
ficasse camuflada muito tempo na vegetação, porque não se destacava aos olhos.
Só a partir da sua floração e da sua frutificação, que é algo que chama muito
atenção", afirmou a ecóloga Hercília Cunha.
O nome de curupira também foi escolhido devido aos
padrões de cor avermelhada da florada planta, em semelhança ao cabelo vermelho
descrito no Curupira das lendas.
A Eugenia curupira pertence à Mata Atlântica e
ocorre na vegetação costeira arenosa conhecida como restinga e na floresta
estacional semidecidual. Além do Rio Grande do Norte, a planta pode ser
encontrada na Paraíba e no Ceará.
De acordo com os critérios da União Internacional
para a Conservação da Natureza (IUCN), a espécie foi categorizada com o status
de em perigo de extinção, devido ao baixo número de ocorrências na natureza.
"Muitas espécies estão sendo extintas antes
mesmo de serem conhecidas. Então, quando a gente descreve uma nova planta que
está em perigo, ela aumenta nossa preocupação e nosso potencial de
proteção", afirmou a ecóloga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário