O deputado federal Fernando Mineiro (PT) afirmou
que, embora Jair Bolsonaro (PL) tenha sido derrotado nas urnas em 2022, o
bolsonarismo segue vivo como uma concepção de mundo que ainda encontra eco em
parte da sociedade brasileira. Durante entrevista à 94 FM, Mineiro avaliou que
o bolsonarismo vai além de um personagem político e representa uma cultura
autoritária, excludente e baseada na disseminação do ódio.
“Derrotamos Bolsonaro, mas não derrotamos o
bolsonarismo. Ele é uma concepção de mundo homofóbica, racista e odienta, que
encontra pessoas na rua e, em vez de cumprimentar, sai gritando com você. Isso
é um absurdo na política”, declarou o deputado. Para ele, esse comportamento
foi estimulado por um projeto político que apostou na mentira, na destruição de
políticas públicas e na manipulação das redes sociais para gerar medo e
divisão.
Mineiro classificou o governo Bolsonaro como o
responsável pela destruição de estruturas essenciais do Estado brasileiro,
incluindo educação, saúde, ciência e infraestrutura. “Me mostre uma grande obra
estruturante daquele governo. Não existe. O que fizeram foi espalhar calçamento
com orçamento secreto para eleger aliados”, disse. Ele também criticou a
política externa adotada por Bolsonaro. “Era motivo de vergonha internacional.
Quando saía para um evento, ficava isolado.”
Apesar disso, Mineiro reconhece que esse projeto
segue com apoio relevante. “O conservadorismo está na sociedade e ainda tem
força. Mas a política feita com ódio, sem propósito, baseada em fake news,
cansa. E cada vez mais gente está percebendo isso”, afirmou.
Segundo o parlamentar, o desafio do governo Lula e
das forças progressistas é não apenas reconstruir o que foi desmontado, mas
também demonstrar que a política pode ser feita com empatia e compromisso real
com as pessoas. “É mais difícil reconstruir do que construir. O governo
anterior destruiu o que tínhamos de políticas públicas. E reconstruir exige
tempo, exige reconstruir confiança, equipes, estruturas”, disse.
Mineiro finalizou reforçando que, mesmo diante da
lentidão e da pressão social por resultados imediatos, é preciso defender o
projeto político que acredita: “É muito difícil atender tudo com a velocidade
que o povo deseja, mas o que está sendo feito agora é com responsabilidade. E
estamos atentos aos avanços, aos erros e ao que ainda precisa melhorar”.
Disputa do Senado
Na entrevista, Mineiro voltou a defender o nome da
governadora Fátima Bezerra (PT) para a disputa do Senado em 2026. Sobre o
segundo nome, afirmou que só votará em alguém que esteja no projeto político
liderado pelo PT. “Eu, pessoalmente, só vou votar no segundo voto para o Senado
em quem estiver no nosso projeto. Quem não estiver, não terá meu apoio”,
declarou, ao se referir à senadora Zenaide Maia (PSD), que ainda não confirmou
se estará aliada do PT em 2026.
Mineiro elogiou a atuação de Zenaide em Brasília,
reconhecendo que ela tem colaborado com a sustentação do governo Lula no Senado
e retribuído o apoio que recebeu do PT nas eleições de 2018. No entanto, o
deputado fez questão de diferenciar esse reconhecimento de uma declaração
antecipada de apoio. “Cada um faz suas escolhas e assume as consequências”,
disse.
A fala de Mineiro reflete a movimentação em curso
nos bastidores da política potiguar. A governadora Fátima deve deixar o governo
em abril de 2026 para ficar apta a disputar o Senado. Além disso, o PT trabalha
com a candidatura de Cadu Xavier para o Governo, com o MDB do atual
vice-governador Walter Alves indicando o vice.
Nesse cenário, ainda há indefinição sobre como o
grupo lidará com a segunda vaga ao Senado. Zenaide aparece como uma
possibilidade, mas o PT deve condicionar o apoio à fidelidade à chapa completa.
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