O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá
alguns nós para desamarrar quando a classe política voltar a povoar Brasília na
próxima semana, após período de esvaziamento causado pelos feriados da
Sexta-Feira da Paixão e Tiradentes. Um deles é a situação do PSD no governo. O
partido esperava ser contemplado com o Ministério do Turismo, hoje nas mãos do
União Brasil, e agora sua bancada de deputados quer distanciamento do Planalto.
O PSD de Gilberto Kassab se tornou o partido com o
maior número de prefeitos após as eleições municipais de 2024, tendo o comando
de 887 municípios, incluindo cinco capitais. A legenda tem a maior bancada do
Senado, com 15 cadeiras. Na Câmara, a sigla ocupa 44 cadeiras, sendo a sexta
maior, empatada com o MDB. Por isso, se tornou peça-chave para a
governabilidade de Lula no Congresso.
É justamente entre os deputados do PSD que reside a
insatisfação com a postura de Lula. A bancada se considera mais leal que outras
siglas do Centrão, e reclama que conta apenas com o Ministério da Pesca, uma
pasta considerada com baixa “capilaridade”. A legenda tem ainda dois
ministérios, Minas e Energia e também Agricultura, eles atendem aos senadores
do partido.
O jargão político traduz a capacidade de uma ação ou
posição política se converter em votos. Na avaliação de deputados do PSD, o
União Brasil da Câmara tem uma bancada com mais bolsonaristas e que entrega
menos votos ao governo, enquanto mantém representantes no Ministério das
Comunicações e também no Ministério do Turismo.
Quando Juscelino Filho estava prestes a deixar o
Ministério das Comunicações, após ser alvo de uma denúncia da
Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto desvio de emendas
parlamentares, o PSD viu uma oportunidade. Especulou-se que o Planalto poderia
deslocar Celso Sabino do Turismo para Comunicações, liberando uma pasta do
União Brasil. Isso não ocorreu, e Lula manteve as duas pastas sob o comando do
seu partido original.
Agora, parlamentares do PSD passaram a defender uma
nova postura diante do governo. Se antes tinham uma predisposição com pautas
enviadas pelo Planalto, agora se dizem desobrigados a fazer gestos à
Presidência. O recado, nos bastidores, é que sem um ministério forte para
apoiá-los, os deputados buscarão meios próprios, inclusive se aliando com adversários
do PT, para garantir a reeleição e a expansão da bancada.
Segundo fontes do Planalto, a reforma ministerial se
tornou um “não assunto”. A única mudança tida como certa é a posse do deputado
Pedro Lucas como novo ministro das Comunicações. Uma mudança no comando do
Ministério de Ciência e Tecnologia para agradar o Centrão não é descartada, mas
a complexa operação, que deslocaria a ministra Luciana Santos para o Minsitério
das Mulheres, deixando Cida Gonçalves sem pasta, esfriou.
Metrópoles

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