O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) obteve nova sentença
condenatória no âmbito da Operação Plata, que apura a atuação de uma associação
criminosa destinada a ocultar e dissimular recursos de origem do tráfico de
drogas de liderança do Primeiro Comando da Capital – PCC. A decisão da Justiça
alcança Valdeci Alves dos Santos, Maria do Nascimento dos Santos, Siderley
Nogueira de Medeiros e Valdinaldo Fernandes de Araújo, condenados pelos crimes
de lavagem de capitais e associação criminosa.
Segundo a sentença, Valdeci Alves dos Santos exerceu
papel de liderança no esquema e foi reconhecido como um dos principais nomes do
Primeiro Comando da Capital (PCC) fora do sistema prisional. Ele possui longa
trajetória criminosa e, até sua prisão em 2022, era apontado como a segunda
maior liderança do PCC em liberdade no país. De acordo com os autos, Valdeci
coordenava a movimentação e dissimulação de valores provenientes de atividades
ilícitas, utilizando familiares e terceiros como interpostas pessoas para
aquisição de bens, transações imobiliárias e distribuição de numerário em
espécie.
A Justiça reconheceu 17 condutas autônomas de
lavagem de dinheiro atribuídas ao réu, que foi condenado a 7 anos, 9 meses e 10
dias de reclusão, em regime fechado. Valdeci já cumpre pena por outras
condenações e foi investigado por envolvimento em planos de resgate de
lideranças do crime organizado, incluindo o próprio Marcola.
Maria do Nascimento dos Santos, irmã de Valdeci, foi
condenada por simular a compra e venda do imóvel rural conhecido como “Sítio
Firmeza” e por receber valores em espécie sem comprovação de origem, atuando na
ocultação patrimonial do irmão. A pena aplicada foi de 10 anos e 9 meses de
reclusão, em regime fechado.
Réus movimentaram grande quantidade de
dinheiro
Siderley Nogueira de Medeiros, advogado e procurador
do município de Jardim de Piranhas, também foi condenado por sua atuação como
operador financeiro do grupo. Parente por afinidade de Geraldo dos Santos Filho
(“Pastor Júnior”, irmão de Valdeci), movimentou elevadas quantias de origem
ilícita por meio de depósitos fracionados e administração de numerário em
espécie. Também foi reconhecida sua participação em associação criminosa. A
pena foi fixada em 6 anos e 10 meses de reclusão, em regime semiaberto, com
direito de apelar em liberdade.
Valdinaldo Fernandes de Araújo, conhecido como
“Novinho”, foi identificado como operador financeiro de Valdeci na região do
Seridó. Segundo as investigações, mantinha relação de confiança e proximidade
com o líder do PCC, movimentando grandes volumes de dinheiro em espécie,
negociando veículos e utilizando contas bancárias para dissimular a origem dos
recursos. Valdinaldo esteve foragido por quase dois anos, com mandado de prisão
expedido pela UJUDOCrim desde 2022, sendo capturado apenas em novembro de 2024,
durante a Operação Argento. Foi condenado a 9 anos e 10 meses de reclusão, em
regime fechado, com manutenção da prisão preventiva e sem direito de recorrer
em liberdade.
Operação revelou lavagem de dinheiro com
base familiar
A Operação Plata revelou um esquema de lavagem de
dinheiro com base familiar, envolvendo a utilização de empresas, imóveis,
igrejas e contas bancárias de terceiros para dar aparência de licitude a
recursos ilícitos oriundos do tráfico de drogas e da atuação da facção
criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). As investigações, iniciadas em
2019, contaram com medidas cautelares como interceptações telefônicas, quebras
de sigilo e busca e apreensão, culminando na deflagração da operação e no
oferecimento de diversas denúncias criminais. Esta sentença marca mais uma
etapa na responsabilização dos envolvidos.
MPRN

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