Após duas crianças morrerem entre março e abril por
conta da inalação proposital de aerossol presente em desodorantes, em um
“desafio” proposto na internet, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
emitiu um alerta sobre o comportamento de risco em jovens.
No comunicado, a entidade reforça a importância de
pais, educadores escolares e profissionais de saúde mental que trabalham com
crianças e adolescentes estarem atentos aos riscos e conversarem com eles sobre
o tema.
Entre 2014 e 2025, pelo menos 56 crianças e
adolescentes de 7 a 18 anos morreram ou tiveram ferimentos graves após
participarem de jogos ou desafios online, segundo dados do Instituto DimiCuida
citados pela SBP.
As recomendações estão detalhadas em um documento
publicado pela SBP em 2023, quando a entidade já chamava atenção para os riscos
de ações propostas na internet.
O texto explica que os “desafios perigosos”
correspondem à instigação e à prática de comportamentos considerados de
autoagressão, muitas vezes revestidos de uma falsa impressão de “inofensivos”
ou “brincadeiras”, que são divulgados e ampliados com rapidez em imagens,
vídeos e jogos on-line, em diferentes plataformas.
No caso do desodorante, os vídeos que viralizaram no
TikTok ensinam como “baforar” o material para provocar desmaios.
A prática pode causar uma série de danos à saúde e
até mesmo levar à morte, explicou o coordenador nacional de pneumologia da Rede
D’Or, Gabriel Santiago. Os gases presentes nos desodorantes podem tomar o
espaço do oxigênio no pulmão, impedindo que ele entre no corpo e chegue ao
sangue.
Comportamento de risco
O documento da SBP reúne alguns padrões de comportamento
de risco associados aos desafios perigosos identificados com mais frequência.
Entre eles estão práticas de sufocamento, com uso de
objetos ou aspiração de produtos para bloquear a respiração; agressões contra
si ou contra o outro, como os ditos “jogos de quebra-crânio” ou “murros nas
costelas”; a ingestão de materiais tóxicos e a prática de tirar fotos em locais
arriscados.
Além da conscientização das crianças e adolescentes
para que não participem desses desafios, os especialistas enfatizam que pais e
cuidadores devem supervisionar as atividades online, “estabelecendo regras
claras sobre segurança, privacidade e bloqueio de mensagens inapropriadas,
violentas ou discriminatórias, que podem causar danos físicos ou mentais”.
Estadão Conteúdo

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