Após dois anos de pressão do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais sem Terra), o presidente Lula (PT) anunciará hoje a
desapropriação de 385 mil hectares de terras em 24 estados.
O que aconteceu
Anúncio será em acampamento do MST em Campo do Meio
(MG). É a primeira vez que Lula visita um assentamento neste mandato. Segundo o
Ministério do Desenvolvimento Agrário, são de 12.297 lotes em 138
assentamentos.
MST está insatisfeito com demora de ações pela reforma
agrária. Com o programa "Terra da Gente", lançado em abril do ano
passado, o movimento tem contestado os números do governo e prometido engrossar
o protesto.
Também há reclamações sobre o ministro Paulo
Teixeira. Próximo a lideranças do movimento, aliados defendem que as demandas
de Teixeira, responsável pela pasta de Desenvolvimento Agrário, muitas vezes
acabam não sendo prioridade no governo, o que o deixa em uma sinuca de bico.
Seu nome é cotado para troca na reforma ministerial.
Diminuir a pressão
Pressão cresce sob ameaças de retomar "Abril
Vermelho", mês de ocupações, intensificado no ano passado. Como em outros
movimentos sociais, membros do MST dizem que "esperavam mais" do
governo.
MST questiona números de assentados. Segundo o MDA,
foram assentadas mais de 121 mil famílias desde 2023. Mas o movimento aponta
que boa parte (81% em 2024) foi "regularizada" ou
"reconhecida", quando a família já está em acampamentos existentes.
Amigo de Lula e fundador do MST, João Pedro Stedile
fez críticas públicas. Em entrevista à Folha de S. Paulo em dezembro, reclamou
"das promessas e dos eventos no Planalto", que não solucionam
"problemas reais".
Promessa do governo é envolver 295 mil famílias até
2026. Dessas, 74 mil seriam assentadas, ou seja, incluídas em terras novas, e
221 mil reconhecidas ou regularizadas.
Movimento também quer combate à violência rural. Em
janeiro, duas pessoas morreram em um assentamento do MST no interior de São
Paulo após ataques a tiros. Lula ligou para a direção nacional do movimento e
prometeu visitar o local, mas não cumpriu a promessa.
No Planalto, se fala em conciliação. Também com
anúncio de renegociação de dívidas pelo chamado "Desenrola Rural",
Lula pretende lembrar a proximidade histórica com o movimento e reduzir as
críticas de que teria usado o apoio do MST na campanha.
UOL

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