Formada em medicina em
2015 em uma universidade privada do Rio Grande do Norte, Ellenn Salviano, de 41
anos, é natural de São Miguel, na região do Alto Oeste potiguar, mas mora
em Natal. Também formada em direito, casada, mãe de três filhos, a
profissional começou a atuar em unidades básicas de saúde e depois foi
convidada para o hospital municipal de Santa Cruz, onde é plantonista às
segundas-feiras há quase 8 anos.
A profissional ficou
conhecida por um improviso que salvou a vida de um bebê de 3 meses, no hospital
do município da região Agreste. Numa segunda-feira, 10/06/2024, junto à sua
equipe, ela decidiu usar uma tampa de bolo como um capacete de oxigênio,
até a unidade de saúde receber um equipamento emprestado e a criança ser
transferida para o Hospital Varela Santiago, em Natal.
Para a médica, o maior
desafio profissional é trabalhar no SUS. “Trabalhar em serviços particulares é
fácil, porque eu tenho tudo à mão, tudo o que eu preciso. Falta também, porque
falta em todo canto, mas no SUS eu tenho que sair de casa todo dia pensando em
como eu posso me reinventar. E eu tenho uma equipe que eu digo que é minha
equipe cão, porque o inferno não escolhe. Vem tudo”, afirma.
Responsabilidade de cuidar
Ellenn Salviano diz que
tomou a atitude de usar uma embalagem de bolo como um capacete de
oxigênio para salvar a vida de um bebê de três meses em Santa Cruz, no
Agreste potiguar.
“É muito fácil chegar e
dizer: mãezinha, o desfecho foi ruim. Me desculpe, porque não somos um hospital
materno-infantil, porque não temos recursos para o seu filho e o SUS não tem
vaga”, complementa.
O paciente deu entrada no
hospital municipal de Santa Cruz no sábado (8) com quadro de desconforto
respiratório grave, congestão nasal, febre, rinorreia, vômitos e diarreia. Na
manhã da segunda-feira (10) a médica entrou no plantão da unidade e percebeu
que a criança estava em um estado muito grave.
De acordo com Ellenn, a
criança já estava com cianose, uma condição médica que afeta o paciente com má
oxigenação do sangue, e apresentava manchas roxas na pele.
“Se ele passasse mais
tempo assim, o risco era de uma parada cardíaca. O próximo passo seria intubar,
o que seria muito difícil para o paciente. Iria reduzir a chance de sobrevida
dele”, revelou.
A criança passou cerca de
quatro horas com o equipamento, até a chegada de materiais emprestados pelo
Hospital Universitário Ana Bezerra, em Santa Cruz. De acordo com a médica, o
tempo foi suficiente para ajudar na recuperação da criança, que retomou a
oxigenação a níveis “quase normais”.
Improviso
Segundo o médico do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atuou na transferência de
Santa Cruz para Natal, o improviso feito com a embalagem de bolo melhorou as
condições do bebê.
“São alguns improvisos que
a gente precisa fazer. Realmente ajudou bastante o rapazinho a voltar a
respirar bem, a ter uma boa penetração de oxigênio no pulmão. Foi fundamental
para ajudar na recuperação dele”, disse o médico Francisco Júnior.
O QUE DISSE A PÁGINA
“Com criatividade e
rapidez, uma médica improvisou uma máscara de oxigênio a partir de uma
embalagem de bolo para salvar a vida de um bebê de três meses em estado grave,
em Santa Cruz (RN). O gesto heroico garantiu suporte vital até a transferência
da criança para a UTI pediátrica”, descreveu a página Alfinetei, que tem mais
de 24 milhões de seguidores no Instagram.


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