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quinta-feira, 6 de março de 2025

TANGARAENSE - Escolha de Lula para ministro do STM opõe Janja, Gleisi, Múcio e Alexandre de Moraes

 


Ainda nem foi oficialmente aberta a próxima vaga do Superior Tribunal Militar (STM), mas não faltam candidatos de olho na cadeira do ministro José Coêlho Ferreira, que se aposenta em abril ao completar 75 anos de idade, um dos cinco ministros civis do STM. O tribunal tem 15 integrantes.

Nos bastidores de Brasília, os próprios candidatos e seus padrinhos – que incluem a primeira-dama Janja, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e até o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes – têm se movimentado para angariar apoios.

A vaga é de livre escolha do presidente da República, desde que o indicado cumpra alguns requisitos, como ter mais de 35 anos e apresentar notável saber jurídico. Ainda é preciso passar por sabatina no Senado e ser aprovado pelo plenário da Casa, num processo que lembra as indicações do STF. O salário é de R$ 41,8 mil.

Cobrado publicamente pela próxima presidente do STM, Maria Elizabeth Rocha, a aumentar a representatividade feminina no Judiciário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sinalizado que está disposto a indicar uma mulher. Desde que foi criado por Dom João VI, em 1808, o STM só teve uma ministra, a própria Maria Elizabeth.

Esse é um dos motivos que reforça o favoritismo da advogada Verônica Sterman – além, é claro, de ela ter o apoio de Janja e Gleisi. Ela defendeu Gleisi e o ex-marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, em casos da Operação Lava-Jato.

Em agosto do ano passado, Verônica foi preterida pelo próprio Lula para uma vaga no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) – o presidente acabou escolhendo Marcos Moreira, apadrinhado do ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

Mas a falta de experiência da advogada no direito militar tem sido apontada como um entrave à sua escolha. “Uma eventual indicação dela seria uma espécie de prêmio de consolação, o que não pega bem dentro do STM, que preza pela tradição e institucionalidade e está se sentindo um pouco desprestigiado”, afirma um interlocutor de Lula no meio jurídico.

Já Múcio tenta emplacar o assessor especial de relações institucionais da pasta, Rafaelo Abritta.

Ele é o primeiro representante civil indicado pela Defesa para integrar a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, responsável por emitir pareceres sobre indenizações a familiares e mobilizar esforços para localizar os restos mortais das vítimas do regime militar. O grupo foi reinstalado em agosto do ano passado, apesar da resistência das Forças Armadas e do próprio Lula, que adiou o retorno do colegiado por mais de um ano.

Advogado da União, Abritta assinou peça de defesa da então presidente Dilma Rousseff sobre as pedaladas fiscais perante o Tribunal de Contas da União (TCU), o que tem sido lembrado pelos seus apoiadores para atrair a simpatia de petistas.

O ministro Alexandre de Moraes, relator da trama golpista pela qual a PGR acusou Jair Bolsonaro e outros 23 militares, também tem seu candidato: o conselheiro do Cade José Levi Mello do Amaral, que já foi assessor de Moraes na presidência do TSE e chefiou a Advocacia-Geral da União (AGU) no governo Bolsonaro.

Mas embora tenha um padrinho forte, Levi tem poucas chances nessa disputa.

“Moraes sempre quer algo, mas ele já foi mais que contemplado pelo governo”, diz um interlocutor de Lula, referindo-se à nomeação do próprio Levi para o Cade e a de Mario Sarrubbo na Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Outro nome cotado é o da ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Edilene Lôbo, endossada pela bancada do PT de Minas Gerais, mais especificamente pelo deputado Reginaldo Lopes. Edilene tem carreira vinculada ao partido de Lula — em 2018, defendeu Dilma durante a fracassada campanha ao Senado por Minas Gerais.

Edilene foi a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira da Corte Eleitoral e sua indicação teria um simbolismo para a Corte militar, historicamente formada por homens brancos.

Quem também corre por fora é o advogado Alberto Zacharias Toron, que defendeu o ex-deputado João Paulo no caso do mensalão, e a procuradora nacional da União de Servidores e Militares, Ana Karenina Silva Ramalho Andrade.

Timing

Segundo a equipe da coluna apurou, Lula avalia anunciar a escolha do STM perto ou logo após o anúncio das indicações dos próximos dois ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Isso porque a eventual ida de uma mulher para o STM ajudaria a reduzir as críticas ao presidente se ele acabar escolhendo dois homens para o STJ, onde a disputa pelas vagas é marcada por uma série de vetos, duelo de padrinhos e lobbies nos bastidores que têm adiado a escolha. As duas vagas do STJ foram abertas com a aposentadoria de duas mulheres — Laurita Vaz e Assusete Magalhães.

“É uma forma de pegar menos mal pro Lula, se ele indicar dois homens para o STJ”, resume um ministro que acompanha de perto a questão.

Malu Gaspar - O Globo

 

 

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