Impulsionado por redes sociais e relatos informais,
o uso da tadalafila, medicamento indicado para disfunção erétil e hiperplasia
prostática, cresceu de forma alarmante no Brasil. Apenas no primeiro semestre
de 2024, mais de 31 milhões de caixas foram comercializadas, colocando o
fármaco entre os mais vendidos do país.
Esse crescimento tem um motivo que se tornou a
preocupação de especialistas: o uso indiscriminado da substância como
pré-treino em academias. Muitos jovens passaram a consumir o medicamento sem
prescrição, acreditando que ele poderia melhorar a performance e a
vascularização muscular. No entanto, profissionais da saúde alertam que não há
comprovação científica para esses supostos benefícios e o uso sem orientação pode
trazer riscos graves.
O farmacêutico Josimar Girão, docente do curso de
Farmácia da Estácio que tem observado um aumento do consumo da tadalafila entre
homens de 18 a 30 anos com objetivo de aumentar a performance na musculação,
alerta que “esse não é um medicamento isento de prescrição, ou seja, necessita
de receituário médico para sua dispensação. No entanto, alguns estabelecimentos
acabam vendendo sem essa exigência, o que é preocupante”.
“O uso indiscriminado pode causar efeitos colaterais
como dor de cabeça, rubor facial, queda abrupta de pressão e, em casos mais
graves, infarto e acidentes vasculares encefálicos. Por isso, é essencial que o
uso seja feito apenas com acompanhamento médico”, recomenda o
farmacêutico.
A professora do curso de Educação Física da Estácio,
Tamiris Frazão, reforça o aviso: “existem poucos estudos sobre a substância
nesse contexto, e os resultados são inconclusivos. O mais importante para um
praticante de musculação é priorizar a segurança. Se há necessidade real de
suplementação, ela deve ser prescrita por um profissional e baseada em produtos
com respaldo científico”, adverte.
A profissional destaca que há métodos
comprovadamente eficazes para melhorar a circulação sanguínea e o desempenho no
treino, como exercícios regulares, alimentação equilibrada e boas noites de
sono. “Além de treinos aeróbicos e resistidos, a hidratação adequada, a
qualidade do sono e até técnicas de massagem podem ajudar a estimular o fluxo
sanguíneo, sem a necessidade de substâncias que não tenham segurança
comprovada”, orienta Tamiris.
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