A nomeação de Gleisi Hoffmann (PT) para a
articulação política acendeu o debate sobre o novo titular da Secretaria-Geral
da Presidência, vaga para a qual a petista já esteve cotada. O presidente Lula
(PT) avalia o nome do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para o cargo,
caso deseje substituir Márcio Macêdo, também do PT.
De acordo com interlocutores do presidente, Lula já
mencionou em conversas o nome de Boulos, seu candidato à Prefeitura de São
Paulo no ano passado. Liderança do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto),
Boulos ocuparia a pasta responsável pela interlocução com movimentos sociais.
Atual ocupante da função, Macêdo foi tesoureiro da
campanha de Lula à presidência em 2022. Por seu perfil aguerrido, Boulos se
enquadraria em um dos critérios que levaram à escolha de Gleisi para a
Secretaria de Relações Institucionais: a disputa política. Procurado pela
Folha, Boulos não respondeu.
Outro nome lembrado para a Secretaria-Geral é o do
advogado Marco Aurélio Carvalho. Coordenador do grupo de advogados
Prerrogativas, que é alinhado ao governo, ele foi um dos defensores do
presidente durante os processos da Operação Lava Jato. Seu nome foi cotado para
a função durante a montagem do governo, em 2022. Como não seria candidato em
2026, poderia permanecer no cargo até o fim do governo.
A nomeação de Boulos, por sua vez, exigiria um
xadrez partidário. O PSOL já está à frente do Ministério de Povos Indígenas,
com Sônia Guajajara, e auxiliares apontam que ocupar duas pastas não seria
proporcional ao tamanho do partido.
Além disso, há hoje um segmento do PSOL que é mais
crítico ao governo e defende um distanciamento do Palácio do Planalto.
Uma das possibilidades aventadas seria a filiação de
Boulos ao PT –algo para o que seus aliados vêm pressionando-o já há algum
tempo.
A mudança na Secretaria-Geral é uma das esperadas da
reforma ministerial, que começou com duas trocas nas últimas semanas. A
ministra Nísia Trindade foi substituída na Saúde por Alexandre Padilha (PT).
Ele comandava as Relações Institucionais, pasta da articulação política, que
ficará sob o comando de Gleisi.
O nome da presidente do PT era um dos que circulavam
para a Secretaria-Geral, assim como os dos deputados federais José Guimarães
(PT-CE) ou e Paulo Pimenta (PT-RS). Essa pasta não é alvo do centrão,
diferentemente da Secretaria das Relações Institucionais, para qual
reivindicava um nome do MDB, do PP ou do Republicanos.
Aliados de Lula, desde o princípio das conversas
sobre reforma ministerial, sempre disseram que o presidente não terá no
Planalto alguém que não seja da sua estrita confiança. E, além disso, ele
sempre teve palacianos essencialmente petistas.
Boulos é mais petista do que alguns
filiados ao PT, diz Lula
Em conversas, Lula chegou a dizer que considerava
Boulos mais petista do que alguns filiados ao PT.
Boulos, durante a transição de governo, já havia
sido cotado para assumir algum ministério, tendo feito parte do grupo de
trabalho de Cidades. Mas isso não ocorreu, uma vez que ele já era à época
pré-candidato à prefeitura.
Sob influência de Lula, o PT abriu mão de
candidatura na maior cidade do país para apoiá-lo. Boulos chegou ao segundo
turno, mas foi derrotado por Ricardo Nunes (MDB), reeleito com o apoio do
bolsonarismo.
Lula tem confiança e apreço por Boulos. No ano
passado, fez campanha por ele, uma das poucas em que o presidente efetivamente
se engajou —mas na reta final não foi a São Paulo. Aliados citaram seu quadro
de saúde na época, quando ele caiu no banheiro do Alvorada.
A previsão era a de que o presidente estivesse
presente em um ato na avenida Paulista, ao lado de Boulos, e ministros, o que
não aconteceu.
No dia 3 de outubro, Lula participou de uma live com
Boulos nas redes sociais do então candidato. Ele disse que o psolista chegava
às vésperas do primeiro turno em “posição confortável” e fez vários apelos aos
eleitores, especialmente às mulheres, para que votassem em Boulos, que tinha
como vice a ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Folhapress
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