A próxima semana será decisiva para o futuro da
Esplanada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que o chefe do
Executivo passará os dias seguintes do mês em viagem para o Japão e para o
Vietnã – de 24 a 29 de março.
Aliados da base de apoio governista dizem acreditar
que o petista fará mais mudanças em seu 1º escalão, mas deve esperar que Gleisi
Hoffmann (PT), nova ministra da articulação política do governo, se ambientar
no cago. Ela que tocará esse processo.
Segundo a ministra, entretanto, a prioridade é
avançar em conversas com o Congresso para alinhar as pautas prioritárias do
Executivo com o Legislativo.
A expectativa é que haja uma dança das cadeiras no
1º escalão para acomodar partidos do Centrão, como o PP, Republicanos e MDB.
Segundo apurou o Poder360, algumas siglas estão irritadas com os movimentos,
que, até agora, contemplaram apenas o PT.
Como mostrou o Poder360, Lula viajará para o Japão
tendo como um de seus objetivos avançar nas negociações para a abertura do
mercado nipônico às carnes bovinas e suínas brasileiras. Deve levar consigo a
cúpula do Congresso, com os presidentes da Câmara, Hugo Motta
(Republicanos-PB), e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Caso não resolva a reforma até lá, ficará só para
abril. O presidente já disse em 2025 que não tem pressa para fazer as trocas e
que deve ir mudando sua equipe aos poucos, mas sempre cita que ele pode trocar
quem quiser no momento em que quiser. A fala foi interpretada por políticos
interessados que o petista deve restringir a abrangências da reforma.
Quebra-cabeça
A reforma ministerial já levou Gleisi para a SRI
(Secretaria de Relações Institucionais) e Alexandre Padilha (PT) para o
Ministério da Saúde –ambos são do partido de Lula.
Um possível nome que pode ser trocado na próxima
semana é o de Luciana Santos (PC do B). De ministra da Ciência e Tecnologia,
ela iria para o Ministério das Mulheres, de Cida Gonçalves (PT).
A chefe da cadeira das mulheres passou por várias
controvérsias até aqui, incluindo acusações de assédio moral. Em um áudio que
veio a público, a ministra teria dito que ignora o chamado de outros 2 colegas
de Esplanada: Padilha e Márcio Macêdo (Secretaria Geral da Presidência).
O Centrão está pleiteando o cargo que ficaria vago
com a troca de Luciana para ganhar mais visibilidade na Esplanada e avançar em
conversas para as eleições de 2026.
Há ainda outro nome que pode ser contemplado com um
ministério nos próximos dias: o do ex-presidente do Congresso Nacional Rodrigo
Pacheco (PSD-MG). Segundo apurou este jornal digital, o senador aguarda um
convite do presidente Lula para definir qual será seu destino.
Em Brasília, a aposta é que Pacheco poderia
substituir o ministro do Mdic (Ministério, Indústria, Comércio e Serviços),
Geraldo Alckmin (PSB) –que também acumula o cargo de vice-presidente da
República.
A opção pelo Mdic teria mais sentido no caso de
Pacheco optar pela disputa do governo mineiro. O posto poderia ser uma
plataforma para se aproximar da classe empresarial ligada à Fiemg (Federação
das Indústrias do Estado de Minas Gerais).
O senador precisa de um cargo à sua altura para se
manter em evidência até o fim de seu mandato em 2027. Quer concorrer ao governo
de Minas Gerais. Em 11 de março, o presidente disse que irá apoiá-lo no pleito
de 2026.
O Ministério da Agricultura também pode mudar.
Apesar de o presidente gostar do atual titular do órgão, Carlos Fávaro (PSD), o
setor não está satisfeito com sua gestão. Em seu lugar, há a possibilidade de
entrar o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).
O deputado alagoano pediu ao chefe do Executivo a
Agricultura ou a Saúde. Lula escolheu Padilha porque considerava o posto
estratégico para 2026 e o PT não queria perder o comando do ministério com um
dos maiores orçamentos da Esplanada.
Quanto à Secretaria Geral da Presidência, hoje
comandada por Macêdo, interlocutores do presidente afirmam que pode ir para as
mãos do deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP).
O órgão é responsável pela interlocução com
movimentos sociais, e Macêdo enfrenta resistência dentro desses grupos, que
cobram mais entregas do governo.
Boulos tem bom trânsito com os movimentos sociais e
conta com a simpatia de Lula, que o apoiou na eleição para a Prefeitura de São
Paulo em 2024. O nome do deputado vem sendo cogitado desde o final de 2024, mas
sem um cargo definido.
Ainda que essas trocas sejam oficializadas, outras
siglas do Centrão ficariam de fora, o que pode travar a relação da gestão
petistas com esses partidos e fazer com que as pautas do governo não passem com
facilidade no Congresso.
Poder 360
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