O superávit primário do setor público Brasil em
janeiro de 2025 chegou a R$ 104,1 bilhões e, segundo o chefe do Departamento de
Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, foi o recorde da série para
qualquer mês. Isso, no entanto, não garante o crescimento econômico se a
estabilidade da política econômica não for alcançada.
Dados da XP Research mostram que a economia
brasileira ainda carece de elementos mais consistentes para se acreditar em um
crescimento sustentável. Segundo a instituição, os dados de atividade econômica
de janeiro reforçaram o cenário de desaceleração econômica gradual, depois de
“resultados fracos no final do ano passado”.
“A receita real do setor de serviços recuou 0,2% em
janeiro em relação a dezembro, em linha com as expectativas”, relata o estudo
diário. “As atividades mais ligadas ao consumo das famílias continuam perdendo
fôlego. Nas vendas do varejo, as atividades mais sensíveis ao crédito mostraram
recuperação no início de 2025, embora a tendência de desaceleração continue.
Também a produção industrial não tem decolado o
suficiente, apesar de um respiro nos últimos meses, de acordo com o relatório.
“No caso da indústria, o volume total produzido
ficou estável em janeiro comparado a dezembro, abaixo das expectativas. No
entanto, os dados desagregados mostraram sinais predominantemente positivos.”
Neste sentido, a projeção para o crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB) um pouco acima de 1% no 1º trimestre deste ano
indica um aumento menor PIB neste ano, em comparação com o de 3,4% em 2024, a
maior expansão desde 2021.
O superávit primário por si só, neste sentido, não é
suficiente para resolver o problema fiscal do país. Embora mostre que o governo
está gerando mais receitas do que despesas em termos operacionais, ele não leva
em consideração o impacto dos juros sobre a dívida pública.
Desaceleração econômica e inflação
O superávit primário indica somente o saldo entre as
receitas e as despesas correntes (não incluindo os juros), enquanto o déficit
nominal inclui tanto as despesas correntes quanto os pagamentos dos juros da
dívida pública.
E o resultado nominal, que inclui também os juros
pagos pela dívida pública, continua alto, segundo os especialistas. Chegou em
janeiro a um superávit de 63,7 bilhões mas, no acumulado de 12 meses até
janeiro, o setor público consolidado registra um déficit nominal de R$ 956,5
bilhões, equivalente a 8,05% do PIB.
O valor representa uma melhora em relação ao
acumulado de dozes meses até dezembro de 2024, que somou R$ 998 bilhões, ou
8,45% do PIB. No entanto, com a desaceleração esperada, as receitas tendem a
ser menores, o que favorece à manutenção de um déficit alto. Sem contar com a
taxa de inflação, em alta neste momento no Brasil.
“Ao longo de 2025, devemos conviver com preços
pressionados, tanto por conta de fatores domésticos quanto globais – com maior
protagonismo para o primeiro”, prevê o relatório. “Projetamos que o IPCA encerre
em 6,0% neste ano.” A meta do governo para 2025 é de 3% para a inflação, com
margem de 1,5% para mais ou para menos.
Revista Oeste

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