Há dez anos, quando se ouvia falar em crimes
praticados por mulheres no Estado do Rio Grande do Norte, logo despertava na
população a lembrança de uma lenda viva que naquele tempo era motivo de
comentários e sussurros, uma assassina que teve o sangue frio de tirar a vida
de cinco companheiros. Maria Nazaré Félix, que na época tinha 62 anos, nunca
negou os homicídios atribuídos a ela, pelo contrário, argumentava e ainda contava
detalhes para as autoridades policiais e para a imprensa. Quase não se tinha
notícias aparentes de mulheres envolvidas em crimes como o de Maria José, no
entanto, naquela década, já existia uma população carcerária feminina no Estado
que era de aproximadamente 100 presas, condenadas por atos delituosos diversos,
como furto, roubo e tráfico de drogas.
O tempo passou e esta realidade também, em 12 anos
os números subiram assustadoramente, de acordo com o relatório do departamento
penitenciário nacional, no RN já existiam quase 400 presas no regime fechado
nas quatro unidades, sendo em Parnamirim, Mossoró, Caicó e João Chaves em
Natal. De acordo com o sociólogo e pesquisador do comportamento humano na
esfera criminal, Rodolfo Fuentes, mesmo com o aumento desses números em tão
pouco tempo, a realidade dessas mulheres é fruto do meio violento em que elas
são inseridas. “Algumas são submetidas a situações que as levam a cometer atos
criminosos”, disse o especialista.
O portalBO conversou com a presidente do Sindicato
dos Policiais Penais do RN, Vilma Batista, a policial destacou que a grande maioria,
cerca de 68% das mulheres presas cumpre pena por tráfico de drogas, seguido de
roubo e o crime de homicídio. “O que chama a atenção é que muitas delas foram
induzidas pelos companheiros a serem inseridas no tráfico de maneira direta.
Algumas que cumprem pena até hoje arrependidas porque foram flagradas tentando
entrar nas unidades prisionais em dias de visitas com entorpecentes
escondidos”, disse. Essas prisões caíram consideravelmente devido aos novos
critérios de fiscalização por causa da diminuição dos dias de visitas sociais,
que ocorre uma vez por semana. Visita íntima não ocorre mais nos presídios do
RN.
É notório e claro esse fenômeno da relação mais
íntima da droga com a mulher, no diz respeito ao comércio, comumente estamos
testemunhando notícias de mandatárias do tráfico em comunidades do Rio de
Janeiro, São Paulo e em outros Estados. Isso mostra que, o poder quando o
assunto é o crime, não tem gênero, ainda mais quando o avanço das organizações
criminosas em todo o país se mostra em uma velocidade capaz de desafiar a ordem
e a lei. As facções confeccionam estatutos, regras paralelas onde uma vez
dominante em um territórios, dificilmente se rendem, aliás, debocham do Estado
com batom encarnado, recheadas de grifes e coroadas pelos seus súditos
responsáveis pela blindagem de seus reinos.
Por: O Equilibrista
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