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sexta-feira, 28 de março de 2025

Após Barreira Ortopédica, Walfredo volta a ter pacientes nos corredores



A barreira ortopédica instalada pelo Governo do Rio Grande do Norte em Macaíba, no Hospital Regional Alfredo Mesquita, para desafogar o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, completa 49 dias desde a abertura dos serviços. Após a instalação do serviço, o Governo do RN comemorou, nas redes sociais, a manutenção dos corredores da unidade sem macas com pacientes internados. No entanto, o esvaziamento do corredor não pode ser mantido e novamente os corredores da unidade foram utilizados para manter pacientes. No final da tarde desta quinta-feira (27), pelo menos 10 pacientes aguardavam em um dos corredores da unidade, conforme obtido com EXCLUSIVIDADE pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE. A reportagem identificou a presença de pacientes nos corredores dois dias seguidos: na última quarta (26) e nesta quinta (27).

Uma das acompanhantes de uma paciente, que optou por não se identificar, revelou que estava aguardando no corredor desde quarta-feira (26). A cunhada de 65 anos teria sofrido uma fratura no braço e estava com o membro enfaixado e mobilizado, enquanto aguardava em uma maca no corredor por uma prometida cirurgia. A acompanhante aguardava sentada, ainda sem previsão definida. Segundo ela, a equipe que as atendeu alegou que não existia espaço nas salas. Questionada sobre a situação do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel e as razões da retomada de pacientes aos corredores, a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado não retornou até o fechamento desta matéria.

Aberta no dia 7 de fevereiro, a barreira começou a realização dos procedimentos cirúrgicos no dia 25 de fevereiro. Durante esse período, a unidade realizou 102 cirurgias e 834 atendimentos até o início desta quarta-feira (26), conforme dados repassados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) à reportagem da TRIBUNA DO NORTE na última quarta-feira (26). Em publicação nas redes sociais no dia 21 de março, a governadora Fátima Bezerra comemorava os corredores do Walfredo Gurgel vazios há um mês, atribuídos à implementação do novo serviço. “Walfredo desafogado e pacientes satisfeitos”, escreveu. Nos últimos meses do ano passado, o Walfredo chegou a ter mais de 40 pacientes nos corredores. Ainda que as macas tenham voltado, o número de internações em local precário ainda parece ser menor do que no período anterior à barreira.

A volta dos pacientes aos corredores do Walfredo foi relatada por outra acompanhante, que também não quis se identificar. Ela afirma que chegou pela manhã desta quinta-feira (27). A paciente, já idosa, sofreu um acidente doméstico e fraturou o ombro e o pé. Após o atendimento e constatada a necessidade de uma cirurgia, foram direcionadas ao corredor, enquanto ela aguardava em uma maca. A acompanhante ficou esperando em pé. Ao fim da tarde, já sem suportar a situação em que foram colocadas, decidiram deixar o Walfredo Gurgel e a paciente assinou um termo se responsabilizando. Ela afirma que deverá fazer a cirurgia na rede particular.

A iniciativa da barreira ortopédica é voltada para atendimentos de baixa e média complexidade na Região Metropolitana de Natal. De acordo com a Sesap, o serviço tem capacidade de realizar até oito cirurgias por dia, além de atendimentos de sutura, imobilização, reduções e outros de baixa complexidade. A implementação da nova estrutura é fruto de uma articulação do Governo do RN junto ao Ministério da Saúde, que assegurou um investimento de R$ 10,8 milhões para financiar os atendimentos no Hospital Regional de Macaíba.

Na avaliação de Geral do Ferreira, presidente do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed-RN), a barreira ortopédica não tem como ser uma solução definitiva para os corredores do Walfredo. “É absolutamente previsível que isso seja temporário. A barreira é para baixa e média complexidade, quem lota os corredores é alta complexidade que precisa de cirurgia. O que pode ocorrer é desobstruir um pouco a circulação de pessoas”, afirma.

Ainda segundo Geraldo, outro fator que pode estar contribuindo para o retorno de pacientes dos corredores seria o uso de uma das salas da urgência para a realização de cirurgias eletivas. “Isso retarda os procedimentos cirúrgicos de urgência, que é mais grave ainda”, pontua. O presidente do Sinmed-RN indica que o cenário só terá uma mudança real após abertura de leitos em quantidades significativas, seja através do Novo Hospital Municipal de Natal ou do Hospital Metropolitano, que o Governo lançou edital para construção em dezembro de 2024.

Discutida em um processo judicial que visava resolver o problema de lotação dos corredores do Walfredo Gurgel, a proposta da barreira ortopédica entrou em discussão pela primeira vez em novembro de 2024, com a sugestão do Governo Estadual ratear os custos dos serviços com os municípios, na estimativa de R$ 540 mil para as prefeituras citadas. Porém, de início, os prefeitos negaram a ideia alegando inviabilidade financeira. Com a garantia do Ministério da Saúde em custear o serviço, o projeto foi aprovado unanimemente pelos municípios.

Anestesistas ameaçam parar o atendimento

Os constantes atrasos do governo podem levar outra cooperativa a suspender a prestação dos seus serviços. Desta vez, a Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas . Em comunicado oficial publicado nesta quarta-feira (26), a Cooperativa alertou para a situação crítica ocasionada pelo atraso no pagamento de procedimentos eletivos contratados pelo Estado.

De acordo com a COOPANEST, o Governo se comprometeu a quitar os valores pendentes até esta sexta-feira (28). Caso o pagamento não seja realizado dentro do prazo divulgado, os serviços prestados pela Cooperativa deixarão de ser oferecidos a partir do dia 1º de abril.

A paralisação dos atendimentos pode afetar diretamente hospitais estratégicos da rede pública, entre eles: Deoclécio Marques (Parnamirim), Walfredo Gurgel (Natal), Santa Catarina (Natal), Maria Alice Fernandes (Natal), Lindolfo Gomes (Santo Antônio), Hospital Regional de João Câmara, Hospital da Polícia Militar (Natal).

Ja á paralisação dos plantonistas da Cooperativa Médica foi suspensa após a Sesap formalizar um novo acordo junto a Cooperativa para efetuar os repasses salariais que estão atrasados há, pelo menos, três meses.

Em comunicado, a Coopmed/RN informou que a ordem bancária será encaminhada pela Sesap ainda nesta quinta-feira (27), assegurando que o pagamento dos profissionais será efetuado na próxima segunda-feira (31). A Cooperativa reforçou que o acordo feito anteriormente com a pasta, referente ao repasse do dia 10 e 20 de cada mês, continua mantido.

“Informamos aos médicos plantonistas da Sesap que estavam em paralisação que acabamos de formalizar um acordo com a Sesap. A ordem bancária será encaminhada ao banco ainda hoje, garantindo que o pagamento será efetuado na próxima segunda-feira, dia 31 de março de 2025. Com isso, damos por encerrada a paralisação”, disse a Coopmed/RN.

 

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