Jair Bolsonaro (PL) seria a liderança por trás da
trama golpista para mantê-lo na Presidência da República, após a derrota nas
urnas, em 2022, segundo concluiu a Polícia Federal (PF) em um relatório de 884
páginas.
O documento embasou a denúncia da Procuradoria-Geral
da República (PGR) contra o ex-presidente e um grupo de aliados por tentativa
de golpe de Estado em 2022. A denúncia de 272 páginas foi apresentada nessa
terça-feira (18) e encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o
tenente-coronel Mauro Cid, seria o “operador” de todo o esquema, conforme
revelou a CNN no ano passado. O militar do Exército “colocaria a mão para
blindar sua liderança”, apontou a PF. Para a PGR, Cid era o “porta-voz” do
ex-presidente no grupo.
De acordo com as apurações, Bolsonaro “permeava”
todos os seis núcleos apontados na investigação, sobretudo o Núcleo A:
desinformação e ataques ao sistema eleitoral.
O inquérito também aponta dois generais que tinham
cargos no primeiro escalão do governo como “núcleo duro”: Walter Braga Netto e
Augusto Heleno.
Braga Netto foi ministro da Defesa e da Casa Civil e
candidato a vice-presidente da chapa derrotada com Bolsonaro. Foi na casa dele
que a PF aponta uma reunião, em novembro de 2022, onde teria sido discutido o
planejamento de ataque, inclusive com assassinato de autoridades. A reunião foi
reforçada por Mauro Cid em depoimento ao Supremo Tribunal Federal.
O general Heleno era chefe do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI) e tinha a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sob seu
guarda-chuva. Para a PF, a Abin foi usada como parte do plano de golpe.
De acordo com as investigações, o “núcleo duro” era a
reunião de personagens que transitavam e influenciavam os demais núcleos.
Os seis núcleos apontados pela PF na conclusão
foram:
a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema
Eleitoral;
b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
c) Núcleo Jurídico;
d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
e) Núcleo de Inteligência Paralela;
f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
Indiciamentos
Com a conclusão, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e
outras 37 pessoas. Em outra parte da investigação, indiciou mais três,
totalizando 40 indiciados.
Entre elas, ex-ministros do governo, como Anderson
Torres (Justiça), general Augusto Heleno (GSI), Braga Netto (Defesa); o
ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal
Alexandre Ramagem (PL-RJ); e o ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara. O
ex-ajudante de ordens do ex-presidente, tenente-coronel Mauro Cid, também foi
indiciado.
O inquérito concluído abrangeu o envolvimento nos
atos de 8 de janeiro, tramas golpistas após as eleições presidenciais de 2022,
bem como o plano para assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSD) e o ministro do STF
Alexandre de Moraes.
Plano de assassinato
A Polícia Federal realizou, em 19 de novembro, uma operação contra um grupo
responsável supostamente por planejar os assassinatos de Lula, Alckmin e
Moraes.
Segundo a PF, o grupo – formado em sua maioria por
militares das Forças Especiais (FE), os chamados “kids pretos” – visava um
golpe de estado para impedir a posse do governo eleito em 2022.
Os investigados teriam planejado os assassinatos de
Lula e do então vice-presidente eleito no dia 15 de dezembro de 2022. A PF
também informou que Moraes era monitorado continuamente.
A organização previa ainda a instituição de um
“Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para lidar com as consequências das
ações.
Conforme antecipou a CNN, a PF concluiu que
Bolsonaro tinha “pleno conhecimento” do plano.
CNN
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